Imagem de capa: Yulia Mayorova, Shutterstock
Moço, quero que saiba que não seremos mais um clichê.
Eu quero um amor daqueles que me fazem acordar pensando na pessoa e ter vontade de ligar para dar boa noite antes de dormir. Desses que os dois fazem questão de lembrar o quanto são importantes na vida do outro, que não negam sentimentos e nem caricias, que são livres a ponto de prender-se a um coração.
Quero me imaginar passando a vida inteira com alguém, contemplando a solidão a dois na velhice. Quero receber flores e chocolates, sem motivo algum, em dias quaisquer. Quero massagens, cócegas e aquelas brincadeiras idiotas na fila do mercado. Talvez eu queira mesmo a leveza de um coração bobo.
Quero colocar uma aliança no dedo e trocar o nosso status de relacionamento no Facebook, só para receber inúmeros coraçãozinhos de pessoas que torcem por nós. Levar na lembrança todos os detalhes bobos do romantismo. Guardar uma música que conte a nossa história, tirar fotos no meio da praça, em cima da cama e dentro do carro. Quero beijar na chuva, no sol, na praia e no estádio. Não quero poupar os meus “te amo”.
Poder sair de mãos dadas e dormir juntos sempre que der vontade, sem medo de ser vistos ou negados por ninguém, passear feitos um abre-alas no carnaval. Quero alguém que se esforce para me ver quando o coração pedir, e que entenda a minha saudade quando estiver ausente. Brinquemos juntos, mas não com nossos sentimentos.
Alguém para compartilhar os segredos da cama e da vida, e à noite dormir de conchinha. Preparar o almoço juntos, a janta e a sobremesa. Preparar a casa, escolher os móveis e os nomes dos bichinhos e filhos que um dia virão. Imaginar a cada ano nossos planos de aposentadoria. Alguém para preparar uma vida inteira.
Quero todos os nuances do amor, e que nos vejam como incompreendidos mesmo, que nos julguem por isso. Sinceramente? Eu não ligo. Eu quero um amor verdadeiro, com todas as suas esquisitices e peculiaridades, com todos os seus rituais e suas infantilidades. Um amor ingênuo, com todas as singularidades que temos direito.
Então é isso, moço. Não quero um filme romântico transpassado para minha vida, quero mesmo é amor de verdade. Estar com alguém com vontade e coragem de amar. Um amor que não se esconde, não disfarce e não simule. Por isso, se vier comigo, seremos bravura e sinceridade. Assumir que queremos entregar-nos a um amor, com todas as letras? Eu chamo isso de maturidade.
Não seremos mais um clichê. Até porque, hoje em dia, clichê mesmo é não amar.