Feche os olhos…e abra os braços a toda e qualquer forma de amor

Imagem de capa: Anton Mukhin, Shutterstock

Não há canto nenhum, de lugar nenhum que seja grande o suficiente para acomodar sentimentos. Sentimentos são coisas descabidas, não levam muito jeito para fazer sentido. Sentimentos são da natureza das águas, escorrem, escoam, contornam, invadem. E, não há muros, paredes ou escudos que possam nos proteger de sentir. Que bom!

Fazemos parte de uma espécie gregária. Precisamos do outro, quer sua presença seja física, espiritual ou não passe de um desejo esperando para ser realizado, ansiamos por contatos que nos acolham, preencham, desorganizem.

De repente, pode ser que esteja nos faltando uma liberdade no olhar. Ser capaz de olhar bem ao redor. Com um pouquinho de ausência de regras, filtros ou exigências, é bem capaz de acharmos alguém solitário ou ansioso por conhecer alguém tão descabido quanto nós. Procuremos por olhares incertos, aqueles de canto de olho, em busca de uma dança na chuva, uma tarde preguiçosa na varanda ou uma noite de histórias partilhadas.

Não há de ter data marcada para fazer caber alguém no nosso espaço. Não precisa de toalha chique na mesa, nem comida com nome difícil, nem um monte de talheres que ninguém sabe para que servem. Convide!

Observe o silêncio daqueles que não se colocam tão facilmente, quem sabe não são incompreendidos, desajeitados, julgados como pouco sociáveis. Quebre o gelo! Faça uma brincadeira doce e leve como pipoca colorida, dessas que provocam sorrisos impossíveis de serem contidos. Conte um mico, um segredo inocente, um desejo meio maluco. Convide!

Abra espaço em sua vida para acomodar gente querida, perdida, solta. Pinte de afeto as paredes da casa, abra um vinho suave e borbulhante, pendure umas redes, aqui e ali. Algum sentimento bom há de se deitar nesse lugar, e, quem sabe, por indolência ou descuido, resolva ficar.

Espalhe umas flores pelo caminho, asse um bolo de fubá, coe um cafezinho fresco, prepare uma limonada. Ofereça um pãozinho quente com manteiga, um colo, um banho, um cantinho para descansar os pés, a alma, o coração.

Convide! Convide a lua para acender o céu da noite. Convide as estrelas para enfeitar o telhado. Convide o vento para trazer esperanças e levar embora dores, rancores, temores. Convide as almas com cheiro de flor. Convide! E então… feche os olhos e abra os braços para toda e qualquer forma de amor.



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"Ana Macarini é Psicopedagoga e Mestre em Disfunções de Leitura e Escrita. Acredita que todas as palavras têm vida e, exatamente por isso, possuem a capacidade mágica de serem ressignificadas a partir dos olhos de quem as lê!"

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