Imagem de capa: Miramiska, Shutterstock
Ela me sorriu com graça, pegando-me desprevenida. Não sei se foi o riso que me assustou ou se o simples fato de que fazia muito tempo que eu não a notava. Tinha algo novo nela, sabe? A pele estava mais corada, os olhos mais vivos – e mais verdes. E o sorriso… Ah, o sorriso estava ali, até quando não estava. Dava para perceber nas rugas dos olhos o tanto que ela estava sorrindo por dentro. A boca fechada e a alma sorrindo. Já viu um sorriso palpável? Pois então, eu vi.
Fiquei abestalhada, lhe encarando. Ela rodopiou com graça de bailarina e fez uma careta engraçada. Quanto tempo faz que ela não mostrava a língua? Arrancou-me um riso. Ela continuou me olhando. Eu permaneci lhe encarando. A moça deixou o rosto cair para o lado, como se me analisasse de volta. Teria visto ela que eu estava lhe avaliando? Senti a testa enrugar, mas ela logo me sorriu, aliviando-me. Se ela tinha percebido, não tinha se importado.
Ficamos assim, uns bons minutos. Ela me mostrando seu melhor lado, seu melhor riso. Me contou da vida, dos amores, da felicidade que sentia pulsar. Falou dos planos e dos sonhos que não cansa de sonhar. Me mostrou sua fé inabalável e a esperança que carregava, todos os dias, para lá e para cá. Ela me contou que a fé lhe traz a certeza de seu sonho é palpável. Me falou da paciência, que cultiva todos os dias e da mudança, perceptível. Ela tinha se redescoberto e eu estava feliz por tê-la percebido…
Eu estava em frente ao espelho, lhe olhando. Meu reflexo me sorriu com graça, pegando-me desprevenida. Não sei se foi o riso que me assustou ou se o simples fato de que fazia muito tempo que eu não o notava. A moça do espelho estava irradiante, sonhadora e feliz. Pulsava amor. Tinha algo novo, sabe? Acho que estou me amando outra vez…
Lindo de se ler, como sempre! Obrigada Mafê. Beijinhos.
Que delicia de texto!