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São dez horas da manhã e meu despertador berra pedindo socorro. Acho que exagerei na dose do vinho. Minha cabeça dói e ainda estou um pouco tonta. E ali está você, dormindo na minha cama de lençóis brancos, feito um anjo. É impossível não te olhar enquanto você dorme e querer amar e beijar cada linha do teu rosto.
Nós poderíamos nos casar, sabe, ter um apartamento de primeira viagem todo nosso, no térreo, pra quando resolvêssemos dançar o vizinho de baixo não viesse reclamar sobre barulho dos pés no chão da sala. Poderíamos dividir os afazeres, e escolher a cor do carpete. Seriamos bons discutidores, mas nada que um beijo na frente do vendedor não resolvesse. Quando o despertador tocasse às 6 horas da manhã, você adiaria pra mais 10 minutos, e eu pra mais meia hora. Assim acordaríamos atrasados pra trabalhar e disputaríamos quem tomaria banho primeiro, fazendo um convite tentador. Você aqueceria o chuveiro enquanto eu, indecisa e atrapalhada, ficaria frente ao guarda-roupas decidindo o que vestir. Então você me agarraria do quarto ao banheiro e tomaríamos banho juntos.
Eu poderia deixar o paciente do primeiro horário puto da vida pelo meu atraso, mas o água estava tão quente com nossas temperaturas se abraçando, inevitável. Eu te deixaria no trabalho e seguiria pro meu. No final do dia te esperaria na porta do estúdio, toda de branco do lado de fora do carro, só pra ganhar um beijo e um abraço apertado, daqueles que levantam do chão. Mas antes de ir pra casa, o desafio seria decidir o que comer, algo pré-pronto porque o fogão ainda não haveria chegado. No final do dia você poderia me fazer uma massagem, mesclando mordiscadinhas na nuca, pra me relaxar e me acender ao mesmo tempo. Faríamos amor na nossa cama desarrumada, que nem lembramos de esticar os lençóis antes de sair. Depois, enquanto o jantar ficasse pronto, poderíamos zerar a garrafa de vinho que ganhamos do seu amigo entendido de bebidas. E então veríamos um filme, abraçadinhos ouvindo o barulho da chuva batendo na janela. Eu não teria medo de dormir aquela noite, porque estaria no meu porto seguro. Não teria pavor dos ventos, porque estariam anunciando a chegada de uma nova vida pra nós. Naquela noite eu ficaria tranquila, e os dias depois dali também, porque eu saberia que mesmo na correria, e quando eu não quisesse muito ficar com você, você estaria ali, do início ao fim do dia.
Mas agora você acordou, e eu guardei meu sonho dentro do teu olhar novamente, como sempre o fiz. Guardei no teu olhar porque ele sabe analisar os caminhos por onde andamos, e ele saberá sempre conduzir meu sonho, que um dia poderá ser nosso.
Minha casa parece rodopiar nas taças de vinho que tomamos sábado a noite. Me levanto, visto meu hobby, abro a cortina do quarto e me direciono ao banheiro da suíte…
“Vou tomar um banho. Você vem?”
Nossa, mais me pareceu um capítulo de um suave romance do que um texto. Simplesmente delicioso, parabéns!
Que linda! Obrigada Paula! Um beijo