Imagem de capa: Olena Yakobchuk, Shutterstock
– O que você está fazendo, filha?
– Plantando! – Disse a menina enquanto enterrava bolinhas de papel no quintal.
– Minha filha, o que você está plantando exatamente?
– Amor, papai.
– Que lindo, Maria. Amor é mesmo algo que deveria ser plantado todos os dias. O que você escreveu nessas bolinhas de papel?
– Os nomes do meu irmão, da mamãe, das minhas colegas Ana e Luisa, do meu tio Pedro, do vovô, da professora Raquel, do primo Dudu e o seu.
– Muito bem, minha linda! E você já sabe que tipo de árvore essas bolinhas de papel vivarão?
– Árvores de amor, ora.
– Claro! Como não pensei nisso antes?
– É que os adultos não plantam.
– Quem disse isso, Maria? Quem você acha que plantou esse monte de árvores do mundo?
– Foi Deus, papai.
– Ok, minha filha, você tem razão. Adultos deveriam plantar mais amor.
– Eu sei por que os adultos não plantam amor.
– Ah, é? Por quê?
– Porque adultos só plantam dinheiro.
Não teve jeito, o pai emudeceu como se aquele quintal inteiro tivesse enterrado a sua voz. Adultos não sabem plantar amor, pois vivem para plantar dinheiro. Que soco no meio do estômago! Que chacoalhada de realidade em plena luz do dia.
Saiu em direção ao escritório montado na maior peça da casa, no lugar onde a sala de estar estava há dois anos, antes dele ser promovido a diretor da empresa. Pegou um pacote de folhas em branco e canetas coloridas. Sentou-se na terra molhada mexida pelas pequenas mãos de Maria e disse:
– Filha, posso lhe ajudar a plantar amor?
– Mas você não vai trabalhar, papai?
– Não vai dar tempo, pois tenho muitos nomes para escrever nas minhas bolinhas de papel.
Pai e filha passaram a tarde juntos. Entre pausas para abraços demorados, doces e chocolates, Maria deu mais do que uma aula de jardinagem para seu pai.
Maria deu uma aula de vida.
O amor é um sentimento nobre, puro, racional. O dinheiro e um bem , faz falta mas não é tudo na vida, é um remedeio para a vida e deve ser bem utilizado.