Quem lhe quer bem lhe fará um café

Imagem de capa: Indypendenz, Shutterstock

Dizem que um café é um abraço oferecido em uma xícara, por isso, quem o ama de verdade irá prepará-lo doce e bem quente para que você encontre alívio e desate o nó dos seus problemas. Quando você tomar o primeiro gole, parte das penas terão se desfiado, como o vapor que escapa dessa bebida fabulosa, obscura e vital.

Muitas vezes comentamos que a vida é isso que começa depois de uma boa xícara de café. É exatamente isso que as pessoas nos mosteiros do Iêmen no século XV deveriam pensar quando, segundo diversos documentos históricos, começaram a moer os grãos para obter uma bebida extraordinária a que chamaram de qahhwat al-bun (vinho do café) e que mais tarde foi abreviada para qahhwat (café).

“O café ajuda quem dorme pouco e sonha muito.”

Ninguém ficou indiferente aos seus efeitos desde o seu descobrimento, à sua ação revitalizante, à essa energia tão bem-vinda e a esse aroma embriagador capaz de criar verdadeiros viciados em cafeína. Seu efeito foi tão inquietante que, quando chegou à Europa no século XVII, os sacerdotes católicos não duvidaram em chamá-la “a amarga invenção de Satanás”.

Na atualidade, essa bebida “diabólica” é uma parte indiscutível da nossa alimentação cotidiana. Também é motivo de um ritual quase mágico sobre o que se constrói uma série de dinâmicas psicológicas, dotadas de benefícios incríveis para a nossa saúde física e emocional.

Hoje, no nosso artigo, queremos refletir sobre elas. Quer nos acompanhar?

O café e a depressão

O café não traz a felicidade, mas gera as condições ideais para que possamos experimentá-la. Essa ideia pode parecer um pouco exagerada, mas basta analisar uma série de dados para chegar a essa mesma conclusão. Segundo um estudo publicado em 2011 nos “Archives of Internal Medicine“, o consumo regular de café (cerca de três xícaras por dia) reduz os índices de depressão.

Aqui está um fato que tornou este estudo ainda mais interessante: os dados só foram significativos no caso das mulheres. Em relação aos homens, o consumo regular de café é muitas vezes associado a um aumento da ansiedade. No entanto, no gênero feminino, o impacto para a saúde emocional é muito positivo.

A razão para essa diferença está no próprio ritual construído em torno do café. As mulheres, em média, tendem a ser mais propensas a se reunir em uma cafeteria, a fazer um desejado e merecido descanso com uma xícara de café enquanto estão juntas, facilitando a descarga emocional. As xícaras sobre a mesa são apenas desculpas para manter essa comunicação empática tão benéfica, que permite relativizar os problemas, curar tristezas, medos, preocupações, etc.

A vida e suas pressões são subitamente contidas por um muro invisível, que as separa dessa mesa em que há um grupo reduzido de mulheres criando um refúgio fabuloso de intimidade. O café atua como estimulante da nossa química cerebral, de forma que serve como uma torneira de passagem para determinados neurotransmissores, como a serotonina ou a dopamina. No entanto, somos nós que, impulsionados pelo seu efeito, lhe atribuímos o seu verdadeiro valor terapêutico e curador.

Um café com quem você ama

“Vem, vamos tomar um café e conversar”. Essa frase tão habitual em nossas vidas significa muito mais do que um simples encontro ou tomar essa bebida que alguém no passado descreveu como “diabólica”. Tomar um café tem um motivo e uma finalidade, e não é nada mais do que reforçar os vínculos com as pessoas que são importantes para nós.

“O café cheira a céu moído na hora.”

Se pensarmos bem, o complexo ruído de nossas sociedades, marcadas pelas prisões, pressões e objetivos a cumprir, nos deixam pouco espaço para tomar consciência do aqui e agora. Na maior parte do tempo nos limitamos a realizar atividades que poderíamos definir como “manutenção”: vestir-se, comer, dirigir, pegar o ônibus, esperar nas filas, trabalhar, voltar para casa…

Tomar um café com alguém é uma forma sensacional de romper esse fluxo neutro e asséptico da vida. Significa abraçarmos com força o presente para desfrutarmos de um momento significativo, curador e energético. Porque compartilhar bons momentos, mesmo que sejam breves, é um modo sensacional de desfrutar do presente e de dar sentido a ele.

O café é melhor em companhia

Para convencê-lo sobre os extraordinários benefícios de tomar um café em uma boa companhia, propomos que você reflita por uns instantes sobre essas simples ideias.

– Tomar café estimula a produção de endorfinas. Desta forma, favorecemos ainda mais essa conexão emocional com as pessoas que são queridas para nós, criando um círculo de bem-estar que retroalimenta o nosso equilíbrio mental.
– Compartilhar bons momentos do dia a dia junto com uma xícara de café nos permite investir na reserva cognitiva que irá garantir a boa saúde do nosso cérebro.
– Em momentos de dificuldade, de angústia vital ou de estresse, antes de nos fecharmos para tomar um banho ou para ficar no quarto para chorar em silêncio, faça isso: chame alguém para tomar um café, prepare uma xícara bem quente e converse, fale em voz alta essas preocupações para buscar consolo com essa pessoa que sempre sabe escutá-lo como você merece.

Os especialistas indicam que podemos tomar até três xícaras durante o dia. Seria ótimo que compartilhássemos de forma regular uma dessas xícaras com bons amigos; com aqueles amigos de verdade que dissolvem as penas do nosso ser com o açúcar de seu coração e nos ajudam a ver novas perspectivas na superfície morna, mas sempre reveladora, de um café.

Fonte indicada: A Mente é Maravilhosa



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Blog oficial da escritora Fabíola Simões que, em 2015, publicou seu primeiro livro: "A Soma de todos Afetos".

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