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Não é maior o coração que a alma, nem melhor a presença que a saudade. Só te amar é divino, e sentir calma… (Vinicius de Moraes)
Uma amiga outro dia me disse o seguinte: “Gui, acho que eu nunca amei na minha vida” Na contramão, um amor que teve início há 10 anos e foi interrompido ganhou um recomeço para outra amiga. Duas versões distintas sobre o mais amor. Poderiam ser facilmente transformados em roteiros cinematográficos, mas pensei ser por bem exprimir sobre esses assuntos do coração por aqui.
Todo mundo em algum ponto da vida já deve ter se feito a mesma pergunta: “Será mesmo que já amei alguém na minha vida?” É natural, visto que quando um relacionamento termina, o resultado esperado seja primeiro de culpar-se sobre uma possível falta de sorte ou do discurso empobrecido de não ser capaz de fazer alguém feliz. Não é bem assim. Insisto com frequência que amar é muito mais um encontro casual de dispostos do que necessariamente um querer avassalador que supera qualquer barreira e diferença entre ambos, mesmo quando por vezes brigas épicas quanto a quem está certo e errado acontecem. O amor é um pequeno fragmento nessa equação. A sua importância é distorcida conforme o ego. Porque o amor não se preocupa com trivialidades e disputas temperamentais. Além de ser soma, o mais amor deve ser algo tranquilo e confiável, onde você pode ser quem é de forma legítima e sem se preocupar com julgamentos. Porque existe uma cumplicidade e uma vontade de paz que superam essas pequenices. Obviamente isso não quer dizer que discordâncias nunca podem ocorrer, afinal, amar a dois não é Sessão da Tarde, mas de forma alguma é novela das 21h.
Sobre o sentimento instaurado no passado e pausado pela vida, talvez quisesse o destino um caminhar separado antes desse amor finalmente ter o amadurecimento necessário para ser algo mais. Talvez se ele não tivesse sido interrompido na época hoje fosse um chinelo em desgaste com a alça prestes a arrebentar, sabe? Que bom que foi diferente. E foi bonito vê-los ali, amando-se devagar e urgentemente entre amigos e sorrisos. É o recomeço que muitos anseiam, mas aponto poucos dispostos na praça. Não há nenhuma fórmula que explique como após tantos anos o reencontro fez sorrir, mas ninguém poderia duvidar que ali residisse um sentimento honesto. De repente tudo se tornou mais claro e ávido.
Mas independente dos casos citados, algo deve ser pensado; o amor não é mensurado pelo caos e pelos descaminhos da vida. Ele também não é definitivo como nos dicionários. O amor é desfrutado, mas antes que você diga que também nunca amou na sua vida, lembre-se que isso não pode ser possível, porque reconhecer ter autoconhecimento é o amor primeiro antes de poder acolher o coração do outro. Mesmo que cada uma delas tenham tido experiências diferentes, a casualidade esteve presente, felizmente.