Imagem de capa: AlessandraM, Shutterstock
Você não vê que tá tudo errado? Eu entendo esse teu jeito certinho de ver a vida, mas você não enxerga que, quando está tudo certo demais, também é um erro? Você está aí, sentada na beirada da janela, olhando para a vida lá fora e suspirando todos os sorrisos que você já não dá há, o que? Meses? Você fica aí maquiando uma felicidade que não é mais palpável, cruzando os dedos para que ninguém veja o tanto de você que se esconde. Você fica aí, driblando as pessoas que te conhecem, para que ninguém te perceba. Tá aí, fugindo de si diante do espelho, como algo natural. Não é natural. E você não deve se acostumar.
Não vê que tá tudo errado? O relógio tá correndo enquanto você brinca de faz de conta, enquanto você pincela uma história que gostaria que acontecesse, mas que não é real. O conto de fadas só existe lá, no mundo imaginário. Você não precisa focar tanto nessa ideia torta de felizes para sempre. O sempre só existe enquanto há o “felizes”. Sem ele, o quanto importa? Pra que alimentar uma vida que não é mais tua?
Mascarar a realidade para que ninguém perceba que o “felizes” já não existe mais vai encarcerar seu brilho e te jogar em trevas. Simular sorrisos e ocultar a veracidade da sua existência vai aniquilar seu desejo de viver. Não é possível representar esse papel o tempo todo e você pode até ter sucesso com seus amigos e familiares, mas não com seu travesseiro. Suas lágrimas te denunciam a cada noite não dormida. Ele sabe de tudo.
Essa história já acabou e você insiste em reler os primeiros capítulos como pudesse voltar no tempo. Se nega a fechar o livro e dar início a uma aventura nova por medo. Medo do desconhecido. Assim está impedida de viver tudo que ainda é possível. Existem tramas inteiras e recheadas de “felizes” esperando por você. Não se prenda tanto a essa ilusão de eternidade. O “sempre” pode estar ligado ao “INfelizes” e esse final nunca é bonito. Acredite.
Texto em parceria com Mafê Probst, via Jornalismo de Buteco