Já pilotei um louco engenho espacial

Imagem de capa: AstroStar, Shutterstock

Sou um astronauta rigorosamente treinado para desvendar o espaço. Não, não sou turista do universo, sou um cosmonauta que pilota um louco engenho espacial. Faço pousos incríveis em astros e sou capaz de ultrapassar 12 bilhões de anos-luz. Fujo do buraco negro como quem foge do diabo na cruz.

Lá, no buraco negro, estão todos os nossos medos e anseios. É um local gelado e escuro, onde não se ouve nada além do que a nossa própria voz. Nesse lugar temeroso, o campo gravitacional é tão forte que para escapar é preciso uma boa dose de esperança.

Fora esse lance do buraco negro e gelado, o espaço é realmente incrível. Os planetas não são como os livros dizem, nem perto disso. É possível visita-los quando dá vontade e tem uma pá de gente legal morando neles.

O Sol é quente bem como a gente imagina, mas ele tem um sorriso largo e é muito receptivo. Logo quer conversar e saber de onde somos, para que lugar estamos indo e também se já conhecemos a Lua.

A Lua é tipo a diva do espaço. Todo mundo quer chegar perto dela para dar um abraço. Ela é tímida, simplória e talvez nem saiba o brilho que tem. Dizem lá no espaço, segredo de estado, que o Sol é seu maior apaixonado.

As estrelas vivem em festa. Não sei como conseguem dançar tanto sem cansar os pés. Ah, estrelas não têm pés, bobagem a minha. Escuta essa, cada uma tem mesmo um nome, bem como li uma vez em uma história em quadrinhos. É impossível conhecer todas, pois são milhares e milhares de pontinhos brilhando no céu.

A primeira que vi não foi bem uma estrela, mas uma constelação do equador celeste. O “Orionis” é tipo um bairro no céu, onde vivem as estrelas mais brilhantes. São pontinhos de muita personalidade e meio que mandam na parada toda.

Mas ninguém coordena o céu mais do que “Maia”. Essa estrela é tipo uma mãe do pessoal, uma síndica do bem que coloca o bairro em ordem, sabe? Também tem o “Baham”, que é responsável pelas boas notícias do céu. O Sol me disse que ele é jornalista e também trabalha no cometa correio, – o rastro veloz que leva doces e até algumas cartinhas que caíram do trenó do Papai Noel.

Porém, meu amigo, nada se compara a “Dhara”, a miss estrela do céu. Linda, brilhosa, encantadora. Há quem conte que já deu até briga para namorá-la, mas os boatos dizem que ela também é apaixonada pela Lua. Outros afirmam que a Lua até corresponde.

O céu é mesmo uma pintura de Deus. O que? Se eu consegui vê-lo de perto? Sim, claro que sim. É Ele quem recepciona os astronautas, muito amoroso e também sempre disposto a nos mostrar os caminhos mais bonitos.

Todo mundo pergunta quando foi que virei astronauta e nunca lembro exatamente em que dia tudo começou. Arrisco dizer que aos seis anos fiz a primeira viagem espacial. É, uns seis ou sete anos. O que eu tinha de especial?

Ah, nada mais do que uma imaginação tão grande quanto o céu que eu visitava todas as noites ao fechar os olhos.



LIVRO NOVO



Não nasci poeta, nasci amor e, por ser assim, virei poeta. Gosto quando alguém se apropria do meu texto como se fosse seu. É como se um pedaço que é meu por direito coubesse perfeitamente no outro. Divido e compartilho sem economia. Eu só quero saber o que realmente importa: toquei alguém? É isso que eu vim fazer no mundo.

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