Estar só também trata-se de amor

Imagem de capa: gangis khan, Shutterstock

Às vezes, esquecem que estar solteiro pode ser opcional. Às vezes, parece que estar com alguém é o objetivo principal, a todo custo. Para mim, a companhia é uma consequência e estar sozinho pode ser uma das melhores maneiras de aprender a amar.

Porque estar sozinho é querer-se. É ter amadurecido o suficiente para perceber que não cabe a qualquer um fazer parte dos seus dias, dos seus sonhos e das suas intimidades. Não é sobre egoísmo, trata-se sobre entender que algumas pessoas não merecem tudo o que se pode oferecer a elas. É sobre afastar-se sem culpa de quem não cumpre o simples papel de amar.

Então, é sobre amor. É saber abrir a porta apenas para quem vai entrar e cuidar da casa junto, com o mesmo esmero, e não para morar com o ladrão. Porque entrar em um relacionamento apenas por medo da solidão é fugir de si mesmo, como uma tentativa de procurar no outro aquilo que não conseguiu encontrar dentro de si e, ainda, colocar a responsabilidade da sua felicidade nas mãos de outra pessoa.

Também não é sobre apegar-se à solidão, mas sobre instruir-se a ser sozinho. Significa aprender a comemorar as próprias vitórias e a curar as próprias feridas, saber curtir-se e acariciar-se quando for necessário. É a delícia de perder-se em si mesmo.

Ou seja, se trata sobre conhecer as abundantes formas de ver o mesmo quadro e compreender que, acima de tudo, somos essa metamorfose ambulante de pensamentos, crenças e sentimentos. É sobre autoconhecimento.

Então, não é sobre abandono, porque às vezes se está rodeado de pessoas e ainda assim, é possível sentir a solidão. Também não é sobre liberdade, porque às vezes você pode estar no lugar mais lindo do mundo, sem contas a prestar para ninguém e, ainda assim, sentir-se sufocado.

Porque estar só nem sempre é sentir-se só, nem tampouco significa sentir liberdade. Demorei em entender que liberdade não tem nada haver com estado civil. Significa, simplesmente, estar em paz com as escolhas que são feitas. Da mesma maneira, solidão não tem haver com estar só ou acompanhado, mas sim sobre apreciar as companhias e as ausências.

Enfim, não se trata sobre desamor, pelo contrário, é sobre colocar o amor acima de tudo. O amor-próprio em primeiro lugar, o amor acima da carência e do apego, o amor na vida, nos dias mais alegres e até nos dias mais murchos.

Então, é sobre felicidade. É sobre poder ser feliz sozinho, no silêncio e no barulho, na companhia de uma multidão e no deserto do seu quarto, nos dias de intenso calor e do nostálgico inverno. É sobre encontrar o sorriso que acalma, dentro de si mesmo.

Finalmente, estar sozinho não se trata de mostrar ao mundo que não é preciso de ninguém, se trata de aprender a amar e ser feliz sozinho, para que ao chegar a pessoa certa (se chegar), seja possível ser feliz com ela e não por ela.

E que não haja mal algum, caso essa pessoa não apareça.



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Francisco Galarreta ajuda as pessoas a desenvolver o seu autoconhecimento e a trabalhar a Inteligência Emocional, grava dicas diárias nos stories do Instagram: @franciscogalarreta

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