Amor líquido, modernidade líquida, relacionamentos líquidos. Tudo é passageiro, tudo é relativo. Zygmunt Bauman está certo: vivemos em uma época de liquidez, de volatilidade, de incerteza e insegurança. Observamos uma estrema fragilidade dos laços humanos.
Em tempos de vídeos virais, de contatos virtuais, de relacionamentos efêmeros, de consumo desmedido, de assuntos tão banais, a solidão permanece uma constante. Solidão que nos acompanha. Solidão que não é medida pela quantidade de likes, ou pelo número de comentários em uma nova foto no Facebook.
Solidão que nos pega de surpresa, enquanto contemplamos mais uma ruga, depois de uma semana de insônia, de doses cavalares de café, de estresse e raiva e angústia e saudade. Saudade do tempo em que a felicidade era coisa comum no mundo.
A pior solidão é aquela que sentimos quando estamos em grupo. Não é preciso estar só para se sentir sozinho. Cada um no seu pequeno planeta, ilhado por fones de ouvido, mensagens de texto, compromissos agendados.
O despertador toca e o Sr. Ninguém levanta para mais um dia de trabalho. “Espelho, espelho meu, existe alguém mais solitário do que eu”, se pergunta. Ninguém responde.
Interessante.