Com o tempo aprendemos a amar mais, mas amamos menos pessoas

Imagem de capa: Martynova Marina, Shutterstock

Conforme nos tornamos mais velhos nos damos conta de que, em matéria de amizade, conta mais a qualidade do que a quantidade, e somente aqueles que valem a pena permanecem conosco com o passar do tempo.

Com o passar do tempo, relações que acreditávamos ser fortes e duradouras se quebram. Sejam as mudanças da vida ou os conflitos das relações, nosso grupo de amizades acaba se reduzindo drasticamente.

Não é segredo que os verdadeiros amigos se contam com os dedos de uma mão e que, com o passar dos anos, a qualidade pesa mais do que a quantidade no que diz respeito à amizade e às relações afetivas.

Cercamos nosso círculo e o fazemos com consciência de que o positivo para nós é torná-lo mais seleto, mais sólido e mais profundo.

Não é um trâmite doloroso em si mesmo devido ao fato de que é natural que isso aconteça. Marcar distâncias e proximidades de forma precisa e de acordo com as nossas necessidades é algo que todos fazemos em um momento ou outro de nossa estadia nos diferentes lugares que determinam nossas vidas.

Não queremos ter muitas pessoas ao nosso redor, e sim as melhores

Com o tempo primamos pela intensidade dos contatos em vez da frequência. Gostamos de ter ao nosso lado as pessoas que realmente nos importam e que mais amamos.

Isso, em parte, está determinado pelo tempo que temos para nos relacionarmos e pelo interesses e prioridades que estabelecemos com os demais.

Com 15 anos gostamos de estar rodeados de gente, conhecer novas ideias e experimentar. Com 30 ou 40 as prioridades mudam, o que queremos é ser mais seletivos em nossas batalhas.

A amizade: quanto mais profunda, mais prazerosa

Em certas idades é muito comum se sentir sozinho, mesmo acompanhado, por isso mergulhamos na busca (explícita ou não) de relações puras, sinceras e estáveis.

Isso não é novo, mas na atualidade há estudos que nos brindam a possibilidade de afirmar de maneira contundente: cada ano que passa nos ajuda a priorizar a qualidade em detrimento da quantidade.

Selecionamos e priorizamos as relações com pessoas com quem nos conectamos de forma mais intensa porque nos oferecem um maior bem-estar a nível social, emocional, cognitivo e comportamental.

Um equilíbrio entre todas estas esferas nos ajuda a conceituar a amizade de maneira individualizada. De acordo com isso, a tendência emocional geral é a de definir a amizade segundo o que, de maneira específica, nos oferece cada relação.

Ou seja, nos tornamos mais precisos e analíticos, enquanto, por sua vez, não podemos nos desligar da ideia do que cada tipo de relação nos oferece. Nos tornamos conscientes de que há diversas opções e de que a riqueza do ser está na pluralidade.

Este conceito de amizade é tão transformador que às vezes até surpreendemos a nós mesmos refletindo sobre isso.

No entanto, é verdade que há algo destacável e que, seja por experiência ou por algum outro motivo, nos tornamos mais inflexíveis, as batalhas são mais dolorosas e ferem mais fundo o nosso interior.

Para nós, adultos, é terno ver como duas crianças brigam por um brinquedo mas, por outro lado, em questão de minutos podem se abraçar e dar amor sem medida.

Este é um aspecto que deveríamos levar em conta sempre: os motivos dos nossos incômodos e distanciamentos são tão relevantes assim, a ponto de perder uma amizade?

Tendemos a fazer atribuições estáveis demais sobre questões muito banais, o que muitas vezes acaba menosprezando nossos ideais em matéria de sentimentos.

Este detalhe, sem dúvida, é um ponto importante em qualquer relação.

Assim, convém destacar que é comum julgarmos a qualidade por eventos negativos que são pequenos em comparação com o que, por outro lado, as pessoas que nos rodeiam nos oferecem.

Ou seja, muitas vezes cercamos nosso círculo de amizades de maneira negligente.

As prioridades emocionais com o passar do tempo

Seja qual for a realidade pessoal que acompanha este fato, devemos ter muito claro que o fato de que a nossa realidade social mude não é negativo por si só.

Isso, sem dúvida, é algo que em alguns momentos de transição temos dificuldade em assumir com naturalidade. Convém refletir sobre os seguintes pontos:

– Na pré-adolescência e adolescência reina uma grande confusão em torno de temas ligados às relações. Buscamos nosso lugar e, por isso, compomos e recompomos constantemente nosso círculo de pessoas.

– Pouco a pouco, conforme entramos na juventude, vamos deixando de lado as grandes reuniões, as festas e os excessos sociais. Começamos priorizando ter alguém com quem falar e lidar com nossas inquietudes pessoais e psicossociais.

– Conforme avançamos nesta etapa gostamos de estar mais tranquilos e cômodos, de nos sentirmos queridos e importantes, com pensamentos e interesses que estimulem nossa mente e nosso mundo de maneira mais madura.

– Conforme vamos evoluindo geramos um grupo de referência, pessoas que seguimos e com as quais nos relacionamos compartilhando pensamentos, sentimentos, interesses.

– Já na idade adulta as amizades que mais valorizamos não se correspondem com a necessidade de aparentar profundidade, e sim de serem sentidas.

– Gostamos das pessoas que nos dizem tudo com o olhar, que aprovam e desaprovam com total liberdade e que nos jogarão aos leões se for necessário.

As amizades do tempo são vínculos que acabam se transformando em irmandades. Uniões profundas afastadas da hipocrisia, do egoísmo e das inquietudes mascaradas.

Amizades que preenchem com seus abraços a plenitude da nossa alma, que se sentam como copiloto e nos guiam quando algo nos cega.

Fonte indicada: Melhor com Saúde



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Blog oficial da escritora Fabíola Simões que, em 2015, publicou seu primeiro livro: "A Soma de todos Afetos".

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