Houve uma época que ela temia as mudanças que certamente chegariam. A maturidade soava triste e efandonha. Quase a imagem de um velhinho corcundo, entrevado, tentando cruzar a sala para chegar na cozinha.
Hoje, ela sabe que crescer, afinal, não dói tanto assim.
Sente um leve prazer quando ela mesma decide, com toda segurança, o que é melhor: do sabor do sorvete até a proposta de emprego.
É com facilidade que concilia as meninices com a mocinha responsável, que paga todas as contas em dia e não reclama de acordar às sete da manhã. Ao contrário do que pensava, essa convivência é bem agradável.
Crescer é ser livre e ter ciência dessa liberdade (isto não tem adolescência e infância que pague). É arrumar a casa do seu jeito, e, mesmo com medo, ir ao médico sozinha. É juntar um monte de roupa no cesto (que serão lavadas quando ela quiser) e não se desgastar com bobagens. É aprender esperar, ter paciência com ela e com os outros.
A imagem do velhinho se foi e o que ela vê agora é ela mesma, à vontade e mais consciente da vida e do seu lugar no mundo.