Vamos nos ater aos fatos, o mundo anda cansado demais. Cansado de admirar, reconhecer e nutrir, pelas pequenas belezas, algo além dos elogios clichês e das homenagens encomendadas. É justamente por isso que cabe-nos, sonhadores e sentimentais, darmos as mãos em prol dessa caminhada. Mais poesias e coragens para dizermos, sem meias palavras, o que é bonito. A vida certamente será mais leve se deixarmos o coração tomar conta.
O jogo de estica e puxa sobre o que podemos contemplar como belo, sinceramente, já não passa a mínima graça. Sequer teve, algum dia. Medir sentimentos e importâncias sempre pareceu-me sem sentido, tornando o viver um jogo de tabuleiro ausente das principais peças: nós. As coisas que levamos aqui dentro, como vivências e características ímpares das nossas personalidades, fracionadas nos corações. Não é meramente uma questão acerca de qualidades e defeitos, mas da sinceridade com a qual somos lançados nesses instantes diários onde, encarando preocupações demais, abandonamos os versos que elevaram todo e qualquer relacionamento a um patamar grandioso e sereno. Precisamos nos perder mais. Troquemos vocabulários e sentenças por um novo linguajar, o da transparência. Chega disso de ficarmos postergando confessarmos o que é bonito. Qual o problema de assumirmos uma postura ativa? Por que esperar descuido se podemos escolher cuidar?
Às vezes, ressonamos no automático. Estamos tão acostumados ao olhar de uma única direção que, na melhor das intenções, controlamos gestos e gostos da nossa própria jornada. Não dizemos o que nos incomoda, deixamos de lado o que nos aquece e, quando questionados, até mentimos num movimento estúpido e sem valor.
Entenda, não precisamos de absolutamente nada disso. Tomemos o amanhã na ponta dos dedos e façamos o bonito ser encantador, mais uma vez. Criemos laços a serem facilmente reconhecidos, admirados e que despertem, em cada um de nós, um desejo ardente pela vida. Por relações mais honestas e por belezas que, de pequenas, sejam apenas na configuração do nosso olhar naquele dia, naquela hora. O que é bonito faz da vida mais leve.