– Quantos anos o senhor está fazendo?
– 96!
– Nossa, isso é quase 100!
– É sim, e você?
– Eu tenho só 9.
– Só? Já é bastante coisa, Léo!
– Perto do senhor é bem pouco, né vô?
O avô sorriu, largou a bengala e sentou na cadeira de balanço enquanto o menino olhava atento para o que fazia.
– Para você ter a minha idade falta pouco, só 87.
– 87 anos demoram para chegar?
– Ora, depende de como você os viverá.
– Viverei no céu, vou ser piloto de avião!
– O importante é que você seja feliz!
Leonardo parou de sacudir a camiseta por um segundo e questionou:
– Vô, o que é preciso para ser feliz?
– Ah, pouca coisa! Sorrisos, amigos e uma moça bonita para levar a vida junto.
– Uma moça bonita?
– Sim, que tal?
– Acho que prefiro pipoca.
– Tudo bem! Sorrisos, amigos e pipoca?
– E brigadeiro.
– E brigadeiro!
O menino pulou no colo do avô para um abraço apertado.
– Vô, até quantos anos você vai fazer aniversário?
– Ah, até quando Deus quiser, meu filho.
– Quero que o senhor viva para sempre!
Ainda sob efeito do abraço carinhoso do neto, o avô disse baixinho:
– Eu viverei!
– O senhor é tipo assim, um avô eterno?
– Sou um avô eterno! Como você descobriu isso?
– Ah, sou um bom “descobridor”.
– É mesmo!
– Sabe, vô, estou muito feliz porque você vai viver para sempre!
Completamente emocionado, ele respondeu:
– Para sempre, Léo. Para sempre no seu coração!