A pele enrugada e os fios de cabelo branco trazem o encanto de uma história. Uma vida. Marcas de vivências que, acredite, dariam um livro com mais de 300 páginas e capaz de encantar qualquer pessoa fascinada pelo ser humano. Histórias que nos prendem, assustam, encantam, entristecem, alegram. Experiências singulares e responsáveis pela construção do que se é hoje. Do que se traz na bagagem emocional.
Envelhecer nem sempre é encarado com naturalidade e leveza, principalmente na cultura ocidental. Ficar velho, muitas vezes, é sinônimo de inutilidade, tristeza, dependência e sofrimento. Mas não é bem assim. E a gente precisa se alertar para isso. Precisamos espalhar, propagar, ecoar o quanto é natural e lindo chegar à velhice. E o quanto é repugnante a atitude de, algumas vezes, tratarmos os idosos com desprezo, impaciência, falta de cuidado e amor. Isso é desumano.
Envelhecer é ter o privilégio da vida longa. É ter sobrevivido a inúmeros finais e ter se deliciado com inúmeros recomeços. É merecer ter sua fragilidade respeitada e sua força reconhecida. É possuir um olhar abrilhantado por experiências, até mesmo aquelas não tão boas. Envelhecer é carregar marcas, na pele e na alma, que a vida fez questão de timbrar com essa loucura deliciosa e assustadora que é caminho da gente. Envelhecer não é vergonha, é dádiva. Mesmo se a enfermidade se fizer presente, mesmo se a solidão se acomodar. Vamos voltar nossos olhos para esses seres que não são pesos, são personificações de ensinamentos e sobrevivência.
Que a gente reconheça a beleza dos cabelos brancos e das rugas. Que a gente enxergue além disso e consiga enxergar uma alma transbordante e dona de uma bagagem que merece todo respeito do mundo. Que a gente não esqueça nunca que um dia seremos nós e plantar as sementes para que sejam regadas com amor, nos fará, também, colher os frutos lá na frente. E que a gente não deixe nunca, jamais, de olhar para os idosos com complacência e zelo.