A gente, muito engajado, começa uma baita discussão socio-ambiental. Bla bla bla. Horas de argumentos, pontos de vista e refutações. Depois beijamos, abraçamos e raramente pensamos no quanto mudanças globais estão afetando nossas vidas íntimas. Nossa percepção nos engana e nos julgamos observadores distantes do mundo.
Pense em 1900. Não havia internet, celular. Quantas relações jamais existiriam hoje se não fossem essas formas de interação? Não é fácil perceber o quanto avanços tecnológicos transformam nossas vidas afetivas. Mas experimente passar dois anos sem falar com as pessoas por mensagem. Qualquer coisa assim simples já escancara o quanto estamos imersos no contato virtual.
Nada contra, nem a favor. É apenas um meio, cada um utiliza como achar melhor. Tem gente que gosta mais, outros menos e assim vai. Porém, há um porém. Muitas pessoas pensam que amor dá no aplicativo. Que ano que vem, todo ano que vem, vai sair uma atualização.
Queremos que o amor rode bem, sem travar, dê informações precisas e tenha um layout, uma aparência agradável e funcional. Mas as coisas da natureza são indomáveis.
Mas esse danado não é prático como o Google, nem é um Uber que você chama e em alguns minutos chega.
Essa lógica de uma vida cada vez mais prática é muito boa quando não transferimos para relações humanas. Tem gente que não vai te amar e nem adianta ficar atualizando sua versão. Tem gente que te ama, mas nem todo dia está com sinal disponível. Tem gente que te ama muito, mas não deixou de ser um humano e possui limitações.
Por isso, o amor é mais como uma árvore, bem grande. Dá coisas que um aplicativo jamais dará; como uma manga grande suculenta de sujar a cara toda e uma sombra acolhedora.
Cabe a você desmatá-lo exigindo que ele se reduza a um aplicativo para servir a todos os seus caprichos, ou floreste sabendo que em troca ele lhe dará um ar mais puro.
E ainda bem que amor não dá no aplicativo, imagine, vai que algum juiz tira do ar?