Existe um segredo na vida das pessoas felizes. E eu hoje cedo fiquei pensando nesse segredo.
Talvez o segredo para a felicidade esteja em dançar mesmo quando as pernas doem. Talvez o segredo para uma boa vida esteja em amar sem medida, mesmo com o coração remendado.
Talvez o segredo para as boas coisas esteja em receber de braços abertos o filho que um dia alçou voo, expressando com amor que seu retorno é bem-vindo.
Talvez o segredo para a felicidade esteja no improviso. Na inspiração espontânea, nos planos que se desfazem para anunciarem melhores.
Talvez o segredo para transbordar sorrisos esteja em se permitir de um jeito diferente. Olhando os caminhos da vida com outros olhos.
O segredo para a felicidade pode estar escondido nas pessoas que conhecemos. Nos caminhos que deixamos de trilhar ou nos nossos próprios caminhos. Aqueles pelos quais passamos, muitas vezes, de olhos fechados.
A felicidade pode estar no olhar do velho amor. Pode estar na voz do amigo que nos conta uma história corriqueira.
A felicidade pode estar na praça do fim da rua, naquela pela qual não caminhamos há bastante tempo. Pode estar escrita nas frases pichadas dos muros da comunidade.
A felicidade pode estar ao alcance dos nossos pés nas calçadas do nosso bairro. No bom dia dos vizinhos.
Acho que a felicidade bate no vidro do nosso carro ou ônibus e oferece um drops de anis com um sorriso terno, todos os dias, mas quase sempre estamos pensando no passado ou no futuro e quando o farol abre, a felicidade fica para trás, sem que a gente se dê conta disso.
Talvez o segredo para a felicidade esteja em nossa capacidade de perdoar, de acreditar em nós e nos outros. Em ter fé na humanidade, sabendo que a fé na humanidade também abriga a fé em nós.
A felicidade talvez esteja assim feito dente-de-leão brotando em todos os cantinhos, esperando um momento para ser vista, para ser soprada sobre nossa vida.
Acho que a felicidade está em cada um de nós, mas cismamos em não ver, pois nos ensinaram que felicidade é coisa de fora, distante e rara. Que felicidade é como uma flor de Edelvais perdida em algum lugar dos Alpes Suíços.
E ao falar de felicidade como não lembrar de Norton Juster, um escritor norte-americano, que em seu livro ‘Tudo depende de como você vê as coisas’ falou de um menino aborrecido que um dia recebeu um presente misterioso da vida que o fez olhar tudo com outros olhos.
Nesse livro, esse menino, chamado Milo, chegou a uma cidade na qual algo intrigante acontecia:
“E, porque ninguém mais ligava para as coisas à sua volta, tudo foi ficando cada vez mais feio e sujo e, como tudo foi ficando assim, as pessoas passaram a andar mais e mais depressa e então uma coisa muito estranha começou a acontecer. A cidade começou a desaparecer”.
Talvez o segredo para a felicidade esteja, simplesmente, em conseguir enxergá-la. Talvez a felicidade exista por todo lado, dentro e fora de nós, quase invisível, assim como a cidade visitada por Milo, só esperando para se revelar.
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