Por Mario Feitosa
Existem duzentas e setenta e cinco teorias sobre relacionamentos. Sessenta e sete mil artigos ensinando o “cara” a ser irresistível no primeiro encontro. Oitenta e nove mil ensinando às “minas” o que fazer e o que não fazer.
Há duas semanas, acho, me deparei com um manual do “cara perfeito”, a pseudo-definição do macho-alfa, vendendo o certo e o errado, o tal “o quê as mulheres querem”.
Confesso que li o famigerado artigo, afinal, a retórica do título era a infalibilidade da tese. Né? Vai que…
Pois é: quebrei a cara. Mais um amontoado de abobrinhas, condenando homens e mulheres a seguirem padrões esquisitos, numa violenta e incontrolável cagação de regras de uma bizarra “etiqueta” dos relacionamentos.
O mais engraçado?! O autor é solteiro! Hahahahaha! Não que não possa, mas tira um pouquinho da credibilidade. Não tira?
Eu curti, por fim, o texto. Me senti ainda mais incomum, mais fora da curva. Aquele pequeno golpe de orgulho de, sentindo-se o esquisito, pensar-se autêntico. Confesso.
Refleti sobre o lido e conflitei comigo, meu “modus operandis”, manobra automática e, no fundo, saudável p’ra caralho! E, nessa reflexão, me dei conta: eu faço TUDO diferente, e isso é maravilhoso! uahuhauhauhauh
Pondo em exemplos, a primeira coisa que vou pedir na despedida de um encontro, marcado ou casual, é um tal “me avisa que chegou bem?!”.
Quão bizarra soa essa afirmação? Quão ainda mais bizarro pode soar o pedido?!
Você é um tipo de “stalker”, que vai calcular o tempo p’ra supor onde moro?! Ou um maníaco possessivo, que pretende saber se fui a um “after party”?! Acha que estamos namorando?! Quer me controlar?! Você é louco?!
Não vou transcrever as onomatopeias de todas as risadas e sorrisos que brotaram na escrita, mas espero que fiquem impressas na retórica e no estilo (prometo escrever sério agora).
Não! Eu não sou louco (bom, eu sou, mas não desse tipo mórbido aí, maníaco. Só louco mesmo…), nem “stalker”, nem controlador, não quero calcular tempo, imaginar, testar se vai responder, nada. Não tenho segunda intenção alguma. Me cativou sorrisos, um bom papo, bons drinks, talvez beijos e amassos, talvez sexo. Cativou e, no tempo que trocamos os olhares, palavras, sorrisos, saliva, fluidos, o mundo em volta sumiu.
Longe de qualquer outra intenção, descobri um mundo novo, interessante, melhor! Só, e só o que quero, é saber que do momento que nos despedimos até o descanso, ou novo destino, ela seguiu bem. Só! Nem estranho, nem justo, nem “fofo”. Só eu :).
Essa constatação me levou a pensar: somos tão diferentes… Nós, humanos, somos uma gigantesca construção de experiências passadas, anseios futuros, lutas presentes. Somos únicos e irrepetíveis. Substituíveis, claro, mas por alguém melhor, pior ou diferente. Nunca igual.
Essa baboseira de “três dias”, esperar quem se manifesta, mostrar-se indiferente… auauhauhauh Mano, se a pessoa interessou e interessou-se, quê que ajuda parecer indiferente?! Que bizarro! auhhauuhauhauha
Eu, sinceramente, cago se vou parecer carente, pegajoso. Independente do que eu possa parecer, serei eu mesmo, ainda que o “manual do cara perfeito”, escrito por um solteiro, me mande ignorar até sei lá que dia e, sob nenhuma circunstância, promover algum tipo de troca de comunicação.
Talvez seja esse meu pecado: não seguir o manual, cabular a aula da “macheza”. Mas se é, olha… Não ‘tou muito aí não.
Posso parecer o maior esquisito da Terra agindo assim ou escrevendo essas coisas, mas não troco minha naturalidade por regras teatrais estranhas.
No fim, o que precisamos mesmo aprender é sermos nós mesmos, sem máscaras que cairão semanas ou meses depois, sem inverdades ou mentiras, p’ra agradar; sem maquiagens ou manipulações da verdade, em troca de aceitação e interesse, uma vez que máscaras caem, farsas são descobertas. Não se força relacionamentos, porque cintos (de conduta) apertam demais e, com o tempo, se tornam insuportáveis.
Relacionamentos saudáveis são construções, não “forçações”. Não se pode forçar a barra porque, cedo ou tarde, azeda. Que aconteça o que tem que acontecer, sem que ninguém se molde ao irreal.
Por fim, longe de querer vender mais um manual do certo ou errado, mas muito afim de oferecer uma perspectiva diferente desse mundo de manuais infalíveis, não importa sua esquisitice, ou quão excêntrico você seja, talvez alguém esteja procurando um outro alguém “exatamente assim”. E, ainda que ninguém procure, você foi real, verdadeiro, e não sacrificou tempo e energia em mentiras montadas, em seguir bizarros e falazes manuais de gente falida.
Não sou o maior apreciador da teoria das tampas de panelas, mas essas costumam ter tampas, embora precisem ser as certas.
Tampas pequenas demais afundam; grandes demais deixam vapor vazar pelas bordas.
Agora, p’ra fechar, não se mate buscando essas tampas, nem tentando adequar as que achar a marteladas. No fim das contas, você pode ser uma frigideira: seja, então, uma excelente frigideira! ahuhuahuahuuahhua! Mas seja-se!
Nada melhor no mundo do que ser-se…
Fonte: mariofeitosa.com.br