Falar de pessoas tóxicas é algo muito complexo, pois elas não têm uma característica padrão. Muitas vezes, elas parecem aos olhos do mundo ótimas pessoas, dando apenas aos mais próximos a chance de conhecê-las profundamente.
Dessa forma, quando ficamos um longo tempo próximos de alguém que tem o poder de nos intoxicar, é comum que comecemos a ter dificuldades de discernimento, falta de ânimo, problemas psicológicos e físicos devido a somatização de problemas. Problemas que, à princípio, poderiam ser até mesmo pequenos, mais que se avolumaram devido ao contato com uma ou mais pessoas tóxicas.
Assistindo ao filme “Refém da Paixão”, um filme o qual indico, é possível notar que a protagonista, Adele, interpretada por Kate Winslet, vive um esgotamento mental com reflexos psicológicos, esgotamento que a impede de cuidar de sua casa, de amparar seu filho de forma mais ampla e de dirigir até um simples mercado. É como se o peso de pequenas coisas tivesse se acumulado nos braços dela, até que um dia Adele foi soterrada por tudo que carregava.
Na trama Adele é divorciada e vive sozinha com o filho adolescente. Vive triste e deprimida, no entanto, em determinado ponto da narrativa, o ex-marido senta em frente ao filho e admite que Adele foi, no passado, a mulher mais feliz que conheceu. Que ela era apaixonada pela vida. Era deslumbrante e mágica e que ele, em um momento de fraqueza, ciente das dificuldades pelas quais Adele passava, resolveu cair fora.
Adele confiou em alguém que de alguma forma não a amparou quando ela mais precisava e quando fazemos isso, quando confiamos em pessoas próximas que não tem a intenção de nos ajudar, o sofrimento é certo. Adele achou que havia do outro lado um companheiro ajudando-a a tirar a água do barco furado em que estava, quando na verdade não havia ninguém. E quando ela se deu conta disso já era tarde.
Eu mesma já tive em meu passado pessoas tóxicas ao alcance de uma mão. Demorei muitos anos para entender o mal que eu estava me fazendo ao permitir que pessoas assim pudessem opinar ou partilhar de minha vida. Demorou muito tempo até que eu percebesse que as sementes plantadas em nós por pessoas tóxicas nunca são fortuitas.
Uma pessoa tóxica vai sentar ao seu lado e tentar provar que você não é capaz, vai torcer para você ser demitido, vai desejar que você seja tão vulnerável quanto ela. A pessoa tóxica vai te desmerecer e desmerecer aqueles que te amam de verdade. Vai sempre olhar para você e enxergar as piores coisas. A pessoa tóxica vai fingir que está ao seu lado, mas na verdade ela vai ser a primeira a puxar seu tapete quando você se desequilibrar.
Certa vez recebi de uma pessoa tóxica um presente, era um conjunto de seis copos de vidro, no entanto na caixa vieram apenas cinco. Desempacotei os copos e notei que eram copos diferentes. Eram de um vidro muito fino, como se tivessem sido soprados. Na primeira vez em que fui lavá-los, um dos copos se partiu em minha mão, cortando meus dedos. Por fim entendi porque a caixa viera com apenas cinco. Certamente a pessoa também quebrara um dos copos, talvez assim como eu, mas ao invés de dispensá-los, resolveu delegar aquela dor a outro, no caso a mim, embalando-a na forma de um presente bonito.
Não aceite nada de pessoas tóxicas, até mesmo as boas intenções não são tão boas assim. Não aceite conselhos. Não atenda ligações ou responda mensagens. Não conte suas aflições a uma pessoa tóxica. O melhor a fazer é tomar distância delas. Viva sua vida da melhor forma possível, tenha fé na luz que existe em você, seja paciente com seus tropeços e acredite na força de seus passos. Todos nós caímos e todos nós temos a capacidade plena de nos levantar. Mas para isso precisamos, antes de mais nada, manter longe aqueles que fingem nos ajudar, que fingem nos amar, que fingem se importar conosco.
Só merecem estar ao nosso lado aqueles que nos amam de verdade. No filme o amor cura Adele. Na vida o amor de pessoas sinceras e o amor-próprio também nos cura.
Deixemos que as pessoas tóxicas sejam apenas uma vaga lembrança em nosso passado. A vida se encarrega do resto.
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Acho que está na moda criticar pessoas tóxicas… Eu fui criada por uma pessoa tóxica, carrego comigo hoje minha própria toxidade. Então não somos todos? O que importa não é a interação? No caso do filme, quem era o tóxico, que eu não entendi: o cara q largou a esposa c depressão porque já carregava suas próprias fraquezas ou a esposa que não conseguiu sublimar a dor (não vou usar a palavra clichê resiliência). Então vamos todos assumir nossa evolução e nos afastar quando não aguentamos ou tentar pagar o preço quando os benefícios forem suficientes p nos manter bem.