Por Renata Lima – via Obvious
Aí você encontra o amor da sua vida e tudo muda, seus sonhos e projetos, suas manias e horários, seus medos e anseios, seus traumas e desilusões. A vida já não é mais aquela vida pacata, sem emoção. Os sonhos que você sonhava sozinho, ganham novas cores quando você se vê realizando cada um deles ao lado de quem você ama. Suas manias e horários se voltam completamente para uma rotina diferente da que você tinha sozinho. seus medos e anseios? Desaparecem, e como em um passe de mágica, seus traumas e desilusões são curados. Mas de repente, as coisas mudam, e nuvens escuras ameaçam acabar com o seu céu azul, aquele céu que por tanto tempo você vinha procurando, aquela paz de estar feliz com alguém é completamente destruída pelas circunstâncias da vida, pelo destino, ou talvez pelo simples fato de não ser, ainda, o seu final feliz.
Louisa Clark, levava uma vidinha daquelas “mais ou menos”, aos 26 anos ainda morava com sua família, trabalhava como garçonete, namorava um cara que não tinha nada a ver com ela, e além de tudo isso, era completamente desinteressada no sentido de obter coisas ou conquistar sonhos, ela se contentava com a vida que tinha. Quando ela perde seu emprego na cafeteria, com sua pouca qualificação profissional, consegue trabalho como cuidadora de um tetraplégico, Will Traynor tem 35 anos, é inteligente, rico e mal-humorado. Preso a uma cadeira de rodas depois de ter sido atropelado por uma moto, o antes ativo e esportivo Will agora desconta toda a sua amargura em quem estiver por perto. Sua vida parece sem sentido e dolorosa demais para ser levada adiante. Obstinado, ele planeja com cuidado uma forma de acabar com esse sofrimento. Só não esperava que Lou aparecesse e se empenhasse tanto para convencê-lo do contrário.
O amor é engraçado, e muitas vezes nos confunde, fazendo com que acreditemos que ele pode mudar tudo. ‘Como eu era antes de você’, mostra muito bem esse lado verdadeiro, do amor, o lado que quase ninguém quer acreditar, o limite. O filme, baseado no livro, de mesmo nome, de Jojo Moyes representa, não só para mim, mas para muitas pessoas, a vida real, aquela vida que o cinema, muitas vezes, oculta de seus espectadores, não por maldade, mas pelo fato de ser muito mais fácil acreditar em ‘Finais felizes’.
A história é bela, em todos os sentidos, nos mostra que apesar de todas as nossas dores, ainda podemos acreditar que existe algo ou alguém, nos esperando lá na frente, com uma vida nova em folha, para nos reconstruímos. E por mais que seja dolorido aceitar, o enredo nos mostra que sim, o amor é eterno, enquanto dura, e que, apesar de muitas vezes, não durar para sempre, nos muda e nos molda, para uma próxima etapa de nossas vidas, aquela etapa que nós só conseguimos passar graças a esse ‘ Eterno’ que durou tempo suficiente, para nos mudar e mostrar que todas as peças desse jogo, que se chama vida, são imensamente necessárias, para completar nosso enorme quebra-cabeça.
“Mas se você me amava, por que você me deixou”? A dor que queima o peito e nos tira o ar. Que nos deixa tontos e perdidos na escuridão. A frustração de saber que nada no mundo será da mesma maneira, e que essa perda jamais será superada. Mas e se o amor for isso? Falta de ar e escuridão, dor e sofrimento. Quem sabe? O que eu sei, e confirmei, depois de conhecer a história de Lou e Will, é que o amor não muda tudo, ele tem limites, e por mais que seja difícil de acreditar, essa é a mais pura verdade. A vida de cada um é diferente, e o psicológico de cada um de nós age de uma forma diferente diante das várias situações em que a vida nos põe, e mesmo que nossos braços se entrelacem em determinadas pessoas, nada mudará a decisão delas de seguir em frente.
Sensível e comovente, ‘Como eu era antes de você’, me ensinou que o caminho é muito longo, cheio de surpresas boas e ruins, e que nessa nossa árdua caminhada, conheceremos pessoas incrivelmente belas, mas que por ironia do destino, ou por mudança de roteiro, não permanecerão em nossas vidas. Uma dura lição, mas imensamente necessária, porque apesar de não conseguirmos manter todas essas pessoas, fisicamente presentes em nossas vidas, nada nesse mundo nos impedirá de carregá-las, para sempre, dentro de nossos corações.