Por Robson Rodriguez
HOJE EU TENHO UM ROSTO VELHO, reflexos lentos, músculos fragilizados pelo tempo, fios de cabelo grisalhos, vários deles, e uma pergunta que grita em meus olhos sempre que a vejo: você ainda vai me amar amanhã de manhã?
Ainda admiro seu bom gosto por estampa floral, seu entusiasmo matinal, suas mãos firmes e o seu altruísmo. Permaneço apaixonado por esse teu sorriso que ainda irradia a mesma luz, aquela linda luz que nem mesmo o tempo foi capaz de enfraquecer ou apagar.
Seu sorriso ainda é doce, ainda me deixa sem graça, ainda me deixa menos amargo.
Cada dia ao teu lado é como um passeio de mãos dadas pelo parque. Teus olhos ainda estão repletos de ternura, enquanto os meus ainda declamam sonetos do Vinícius ao vê-la, quando fico sem jeito e minha voz emudece.
Você sempre foi de coisas simples, ainda conserva os jardins floridos dentro e fora do peito. E eu, ainda mantenho a mão boa e faço da cozinha o teu lugar preferido.
Percebi que o tempo foi mais generoso com nós dois do que com a grande maioria das pessoas desse mundo. E o mínimo que posso dizer, é que me sinto afortunado por isso. Afinal, quantas pessoas no mundo acordam todos os dias ao lado do seu primeiro e único amor?
Hoje sei que grandes amores não tem prazo de validade, eles são vitalícios quando construídos na base do carinho, do respeito e da cumplicidade.
E se há um segredo para encontrar um amor como o nosso, digo que é bem simples e lógico. O segredo é vive-lo. E não se engane, há momentos em que dá medo. Daí você olha de lado, e ao sentir uma mão apertar e segurar a tua, recebe a injeção de coragem que precisa para fazer valer todos os dias aquilo que aprendeu a chamar de felicidade.
Sim, amor é convívio. Amor é saber que quando um sentimento se põe, outro amanhece. O amor é concebido nessa a linha tênue entre a obra prima e a rasura. Porque tudo na vida nasce e cresce, mas só o amor não envelhece.