Por Susiane Canal – via Obvious
E então, você se considera uma pessoa espiritualizada? Ao menos já parou para pensar o que é exatamente a espiritualidade? Um conceito estanque ou a ser desenvolvido por cada um, de forma personalizada? E quando é o momento de se preocupar com isso, só lá no fim da vida? Mas você sabe quando será o final da sua vida? Será que dará tempo?
Não precisamos ser médiuns, budistas ou frequentadores assíduos de igrejas para sermos espiritualizados.
Também não necessitamos ser religiosos vorazes, nem mestres zen ou pregadores de seja lá o que for.
A espiritualidade está presente em cada um de nós, naturalmente. Em alguns de forma mais latente, em outros, menos, mas sempre passível de expansão.
O ser humano certamente não é um amontoado de músculos, ossos e órgãos vitais que existe para ver os dias passarem, um após o outro, até o fim da sua vida, simplesmente. Muito mais do que isso, é uma alma resistente ao tempo e às atrocidades mundanas e a soma de energias que o fazem se mover, viver e tentar ser feliz, mas com um propósito maior.
Por essa razão, por mais que muitos não acreditem em espiritualidade – e não estou falando propriamente em espíritos, reencarnação e carmas, mas simplesmente em ligação com um algo grandioso -, todos temos um lindo potencial a desenvolver nesse sentido.
Para que o nosso corpo funcione perfeitamente, para que a nossa mente permaneça saudável e a nossa vida flua em harmonia, é essencial que trabalhemos nossa espiritualidade.
A chave do equilíbrio da nossa existência e o segredo para o bem viver é um tanto simples: saber que não estamos nesse mundo em vão, mas para evoluir, e qualquer evolução passa, necessariamente, por abrirmos nossas cabeças e nossos corações para algo maior.
Seja orando com as nossas palavras, sozinhos em nossas casas, para o Deus do nosso coração; seja nos conectando e nos harmonizando com “o universo”, “a divindade” ou qualquer outro nome que se escolha dar a esta energia superior que a tudo envolve; seja ajudando o próximo, despretensiosamente, das mais diversas formas; seja praticando ioga ou meditando; seja desenvolvendo ações sociais que promovam a paz: o importante é dedicar-se a “coisas da alma”.
A saúde, a serenidade, a vontade de viver, a autoestima e tudo o que promove o bem-estar de uma pessoa não têm como vir de outro lugar que não do interior dela mesma e unicamente pela sua iniciativa. Aceitar e vivenciar essa verdade é imperioso.
Precisamos tomar consciência que não há dinheiro, status, relacionamento ou qualquer coisa externa que nos garanta plenitude e satisfação se não formos seres conscientes da nossa transitoriedade, do nosso comprometimento com a humanidade e da necessidade de evoluirmos, pelos mais diversos meios.
Paz interior: essa é a nossa missão última. Precisamos manter-nos harmoniosos e irradiar luz ao nosso redor, independentemente dos fatos da vida terrena. Sim, porque não há sucesso que não diminua, não há riqueza que seja intermitente, não há prazeres físicos que não acabem rapidamente, nem a garantia de que determinadas pessoas estarão sempre ao nosso lado. E, se nada existir dentro de nós depois dessas situações, nos perderemos na vida, não veremos sentido, nos sentiremos fracassados.
Precisamos ser conscientes e confiantes o suficiente para manter intacto um “núcleo essencial inatingível” que nos mantenha íntegros aconteça o que acontecer, ainda que certos fatos da vida nos passem rasteiras, que pessoas questionem nossos posicionamentos ou que zombem dos nossos sonhos.
Em última análise, então, espiritualidade é isso, sem amarras nem grandes divagações: conteúdo no ser humano, algo a sustentar seu corpo em movimento, a lhe mover para frente, a lhe conectar com os semelhantes e com o sagrado, e que nada de externo pode afetar, basta assim se determinar.
Tomar consciência dessa realidade e desenvolver nossa espiritualidade é, com certeza, um caminho sem volta para a felicidade.