Empatas são, basicamente, pessoas com uma sensibilidade extrema e que conseguem sentir as energias do ambiente e das pessoas que as cercam. Costumam ter grandes variações de humor, uma vez que a forma como se sentem é influenciada por sons, cheiros, lugares, animais e, inclusive, por aspectos climáticos. Por causa dessa hipersensibilidade, sentem-se sobrecarregadas frequentemente.
De maneira simples, a descrição acima define o que é ter uma personalidade empata. O termo, no entanto, tem formas diferentes de definição, já que é estudado por aspectos da psicologia, da neurociência e, inclusive, da ficção científica.
Definições
“Empatas são altamente sensitivos, são instrumentos afinados quando se trata de emoções. Eles sentem tudo, às vezes ao extremo, e são menos aptos a intelectualizar sentimentos. A intuição é o filtro pelo qual eles experimentam o mundo. Empatas são naturalmente doadores, espiritualmente sintonizados e bons ouvintes”, resumiu a psiquiatra Dra. Judith Orloff.
Para a ficção científica, empatas são pessoas com uma capacidade de ler as emoções dos outros “através de uma forma de percepção extrassensorial”. Não são telepatas, contudo, já que essa sensibilidade não significa que conseguem ler mentes – nesse sentido, podemos usar a conselheira Deanna Troi, de “Star Trek: A Nova Geração”, como exemplo de uma personagem empata.
“Ser um empata é muito mais do que ser altamente sensitivo, e não é algo limitado somente às emoções. Empatas conseguem perceber sensibilidades físicas e urgências espirituais, assim como apenas sabem quais são as motivações e as intenções das outras pessoas. Ou você é um empata ou não é”, escreveu Christel Broeuderlow no site The Mind Unleashed, que publica apenas conteúdos relacionados a novas descobertas e percepções sobre a mente e o comportamento humano.
Como falamos muito em sensibilidade e energia ao definir empatas, é comum que pessoas mais céticas questionem essas definições, mas a verdade é que a Ciência também estuda esse tipo de temperamento. Nesta pesquisa, por exemplo, os cientistas mostraram que há relação entre crises de ansiedade e temperamento empata.
“Os resultados confirmam hipótese de que indivíduos com alta ansiedade social podem demonstrar um perfil social-cognitivo único com altas tendências cognitivas empáticas e alta precisão em atribuições de estados mentais e afetivos”, diz a conclusão do estudo.
Essa ligação entre uma personalidade empata e problemas de ansiedade e convívio social tem a ver com o fato de que, frequentemente, essas pessoas sentem uma verdadeira necessidade de ficarem sozinhas. Como são “esponjas emocionais”, ficam sobrecarregadas e absorvem os sentimentos de pessoas estranhas, inclusive.
Essa questão de absorção emocional, quando estudada dentro da neurociência, avalia as diferenças das atividades cerebrais entre indivíduos empatas e não empatas. Em 2013 foi descoberto que a área cerebral ligada à empatia está localizada no giro supramarginal, que é parte do córtex cerebral e fica localizado perto dos lobos temporal e frontal.
Trata-se, basicamente, de uma região do cérebro cuja função é fazer a distinção entre nossas próprias emoções e as alheias. Quando precisamos tomar uma decisão muito rapidamente, por exemplo, essa região tem sua atividade reduzida.
Há muitos estudos que buscam compreender os mecanismos de empatia, inclusive quando se busca entender melhor a psicopatia – psicopatas não são capazes de sentir empatia. Ao que tudo indica, as atividades cerebrais dos psicopatas são opostas às dos empatas – enquanto os empatas sofrem com o sofrimento alheio, os psicopatas chegam a se divertir com ele.
Quando o que está em questão é o cérebro dos empatas, podemos considerar também as atividades neuronais de espelho, que é o que explica como os empatas conseguem sentir tão rapidamente o que a outra pessoa está sentindo. Um experimento publicado na Scientific American comprovou que os empatas são realmente capazes de sentir o sentimento dos outros.
Para conseguir ter certeza disso, um grupo de voluntários teve suas atividades cerebrais monitoradas por meio de ressonância magnética, de modo que os cientistas conseguiram reconhecer esse comportamento neuronal espelhado. Enquanto eram monitorados, os participantes assistiam a filmes curtinhos que mostravam pessoas sendo tocadas.
“Os escaneamentos cerebrais revelaram que o córtex somatossensorial, que é um complexo de regiões cerebrais que processam a informação do toque, estava altamente mais ativo durante a apresentação dos filmes – ainda que os participantes não estivessem sendo tocados em momento algum”, explicou Jakob Limanowski, doutorando da Berlin School of Mind and Brain.
É importante frisar que essas comprovações científicas têm relação com a empatia, mas não com a definição do indivíduo como empata. Essa definição, embora exista e seja aplicada por quem estuda o assunto, tem como base os estudos envolvendo apenas a empatia em si.
A psiquiatra Orloff, que citamos no início do texto, fez uma relação de perguntas que você pode fazer a si mesmo caso acredite que possa ser uma pessoa empata e queira tirar a prova dos nove. Confira:
- Eu já fui rotulado como “emocional demais” ou extremamente sensitivo?
- Se um amigo está nervoso, fico nervoso também?
- É fácil que alguém magoe meus sentimentos?
- Fico emocionalmente drenado em meio a multidões e preciso de um tempo sozinho para recarregar as energias?
- Sou afetado por barulhos, cheiros e conversas em excesso?
- Eu prefiro ir de carro aos lugares, em vez de pegar carona, para que assim tenha a liberdade de ir embora quando quiser?
- Eu como em excesso para lidar com o meu estresse emocional?
- Tenho medo de ser tragado por relacionamentos íntimos?
Orloff explica que, se você respondeu “sim” a mais de três dessas perguntas, é bem possível que você tenha um temperamento empata ou que, no mínimo, apresente fortes traços desse temperamento. A especialista diz que se reconhecer como empata é o primeiro passo para quem busca lidar melhor com os problemas que isso pode trazer, especialmente no que diz respeito a relações interpessoais.
A sensação de falta de energia, a dificuldade de se envolver demais em situações sociais ou com muitas pessoas, a necessidade extrema de solidão e a dificuldade de ver filmes ou séries com temas violentos e/ou dramáticos são alguns fatores que comprometem a vida social, afetiva e profissional dos empatas.
Nesse sentido, é preciso aceitar que esse é o seu tipo de personalidade. Ainda que a maioria das pessoas sinta pavor de solidão, o empata não precisa se sentir mal por realmente gostar de ficar sozinho. Empatas são pessoas que precisam estar longe das outras de vez em quando, justamente porque absorvem demais a energia delas.
Esses indivíduos podem se beneficiar de um tempo passado em contato com a natureza, de exercícios de meditação e yoga e, inclusive, deve aprender a dizer “não”, pois é bastante comum que as pessoas recorram aos empatas quando precisam de ajuda ou quando necessitam desabafar a respeito de algum problema muito íntimo – como são bons ouvintes e conseguem se colocar no lugar dos outros com extrema facilidade, empatas costumam dar bons conselhos, e pessoas adoram quem dá atenção e bons conselhos.
Empatas precisam respeitar as próprias necessidades, ainda que constantemente sintam vontade de ajudar aos outros. Se vão a uma festa cheia de amigos que adoram e sentem a necessidade de ir embora duas horas depois, é isso o que devem fazer. Não significa que não gostam de seus amigos ou da festa, mas que têm uma forma diferente de conviver socialmente. Independente de qual seja o seu temperamento, respeitar suas próprias necessidades é fundamental.
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