Devo dizer que vivo de hipérboles. Se do meu lado venta um pouco mais forte, já quero ser tão forte quanto. Não sei sentir mais ou menos e não aprendi a viver com o coração pela metade, o meu precisa transbordar. Sou a confusão que quis aprender a voar e se deixou levar com a maré de euforia. Tudo o que eu sinto vem à tona e chega a me fazer perder o equilíbrio de tão forte que me atinge.
E devo acrescentar que sou, de todas as formas, uma metrópole frenética e uma nuvem anunciando tempestade. Sentimentos não são de pedra ou madeira maciça, mas caso fossem, não existiriam ferros que conseguiriam cortar os meus. Sou o sentido figurado, por isso morro de amores todos os dias. Meu corpo é leve, mas minhas emoções pesam toneladas. Vivo de quedas, mas nunca deixo de me jogar de penhascos – ainda bem que eu sou o sentido figurado-.
Você consegue entender isso? Eu sou feita do que eu sinto e se é para sentir, digo que sinto da forma mais intensa e energética possível. Se eu fosse radioativa, minhas energias liberadas contornariam a órbita e o mundo estaria declarado em estado de alerta.
Eu me mantenho beirando a insanidade e completando lacunas com os chumbos que são as minhas emoções. Eu enlouqueço com a minha própria risada ou talvez apenas fico rindo da minha própria loucura. Tomo dose de exageros com café todas as manhãs, digo e repito, eu exagero até nas reticências…….
Não estou em foco, sou ruído puro e não tenho nenhum pensamento que siga uma ordem cronológica, pois me perco nos meus próprios sentidos e nem tento me encontrar. Gosto mesmo é da bagunça, de não saber onde os sentimentos começam ou terminam, porque para mim estão todos em um enorme emaranhado, que só se faz crescer. Sofro de metáforas. Sou vendaval que leva tudo consigo, sou imensidão, sou o que cabe no papel e principalmente o que não cabe.
Encho copos com tempestades e bebo tudo em apenas um gole. Eu vejo prosas estampadas em sorrisos e me faço poesia para poder me encaixar em todos os versos. Não vá me comparar a um belo dia de verão, prefiro que me compare ao vento gélido que toca a pele e faz arrepiar.
Deixo que as palavras se entrelacem e formem os enredos. Cativo cada letra e sugo para mim, dando a cada uma o exagero necessário para formar a mais tortuosa e bagunçada poesia. Eu me permito fazer dessas estrofes o ar que move meus pensamentos e de tanto pensar se tornam vendavais, que devastam tudo que há pela frente e no final só nos restam o caos. Mas o que seria da poesia -e da vida- sem um pouco de confusão?