Não vale a pena engordar, por quem vive de dieta sentimental…
Eu nunca fui de seguir rigorosamente dietas. O que me dava vontade de comer, eu simplesmente satisfazia as minhas lombrigas. Não pensava duas vezes, não brigava com os meus desejos, não ficava paranoica lendo as embalagens, também não me preocupava em somar as calorias que eu ganhava ou perdia na academia. Bom, a minha única preocupação era não ficar chupando o dedo. Eu arriscava e depois analisava o resultado, isso quando eu lembrava. Não era de maior importância, também não tinha relevância…
Tudo mudou quando eu comecei a engordar. Fiquei cheia de sentimentos e sensações que nunca fizeram parte de mim. Quando somos imaturos, queremos comer tudo o que não presta. É divertido contrariar, não cuidar da saúde, não ter preocupações. Mas quando o tempo passa, a realidade fica bastante diferente. Tudo o que ingerimos no passado, se reflete no presente. Por exemplo, agora estou levando comigo toxinas que impedem um relacionamento saudável. Carrego comigo mágoas, chateações, frustrações e traumas. Talvez se eu tivesse agido diferente desde que eu me entendo por gente, hoje eu não teria impurezas nítidas e expressivas no meu rosto.
De todo mal, eu fiz reciclagem de alguns lixos. Separei o que vale a pena, do que realmente não tem conserto. Admirei algumas características, gestos e atitudes. Descartei a ignorância, o egoísmo, o desprezo e a falta de prioridade. Somei com a minha personalidade, com tudo o que eu espero e prospero de alguém e me tornei o que agora sou. Eu tenho uma vida como a de todos vocês, a única diferença é que estou expondo o meu ponto de vista de forma singular. Do desmanche para as pistas, completamente remontada…
Não vou dizer que foi fácil a trajetória até aqui. Conheci pessoas que me prometeram o impossível, que me iludiram, mentiram, me fizeram assinar o decreto de trouxa, que não eram como eu imaginava, que me desrespeitaram e pisaram em mim, como se eu fosse uma casca podre de banana. Eu juro que eu não era esse monstro para merecer tudo o que eu já passei. Eu era ingênua e acreditava em pessoas e no amor. Acreditava em cada lorota e piada. Sabe aquelas histórias mirabolantes que não fazem sentido algum? Pois bem, eu dizia amém quando eu as ouvia. E não era por mal, o problema era a minha falta de experiência. Aquele fato comum, de acharmos que o primeiro amor será eterno. A gente pula de cabeça, o outro está de braços cruzados e por fim, caímos em si de que não era nada daquilo que estávamos construindo. O castelo desabou, nunca existiu um conto de fadas e, pior, o fim da história não é feliz como nos filmes. Eu não tinha referências, mas a partir do primeiro tombo, ficou uma lacuna jamais preenchida.
Hoje eu quero alguém que corra do meu lado. Que caminhe no mesmo sentido, que se alimente das mesmas intenções e projeções que eu. Não precisamos, necessariamente, ter uma forma física modelo. A beleza um dia acaba, não é imutável. Estou falando coisa de gente grande. O recíproco é sinônimo de encantamento, paixão, dedicação, bom senso e, principalmente, não fazer com o outro o que não gostaríamos que fizessem com a gente. A receita é fácil, não precisamos nem colar na geladeira o modo de preparo. Eu comprei os ingredientes, preparei com todo carinho do mundo e agora estou na espera, de uma companhia que chegue para degustar o sabor amargo que a vida me causou e despertar o lado doce que estou disposta a oferecer. Eu quero a estabilidade de uma vida à dois, com café da manhã na cama, refeições conjuntas e muito sexo para apimentar o gostosinho de quero mais que deixaria com os meus beijos de língua.
Eu não alimento mais nada que não seja recíproco. Estou cuidando do meu coração, me alimentando com frutas, verduras e legumes. Tudo o que sabemos que faz bem, que não me torna dependente de alguém. Que nascem da natureza e que eu não preciso contribuir ou me iludir. Chega pronto e eu me adapto. Pode não ser o melhor gosto, mas se houver benefícios, eu compreendo que será uma ótima escolha. O mesmo, eu faço com as pessoas. Eu não procuro mais, não idealizo como eu fazia antes e também, não tiro os pés do chão.
Relacionamento amoroso não é um jogo de sorte ou azar. É questão de merecimento e amadurecimento. Enquanto você estiver na fase de desenvolvimento, você será incapaz de identificar o podre disfarçado de tentação. Com o passar do tempo, mudam as percepções e, por mecanismos de defesa, saberemos o período exato da melhor colheita.
O mal é cortado pela raíz. Plante amor próprio e sementes de felicidade. O veneno é o gosto cítrico de quem apenas quer o seu mal. Não aceite menos, nem migalhas. Massa é muito pesado, estamos falando da leveza para seguir em frente com um sorriso estampado. Auto estima é fundamental.
Se quiser me convidar para um jantar, agora você já sabe o cardápio. Surpreenda-me se capaz. Fale verdade ou mentira, mas fale sem cuspir.
Estou apenas seguindo a nutrição do meu coração.
Eu já sujei demais o meu corpo com imundices desprezíveis.
Texto maravilindo! É exatamente assim q me sinto hj, depois de tantos dissabores, aprendi a sentir vontade só do que traz bem estar e leveza, e nossa…quantos desarranjos emocionais até chegar no equilíbrio, hoje tenho preferido o agridoce das pessoas reais do que o melado dos príncipes desencantados e das pessoas cheias de cobertura! Parabéns pelo texto! Que o
A vida nos traga o tal amor com gosto de fruta mordida!!
Nossa!!! Que texto lindo!!! Minha cara, palavras que estavam presas em minha garganta e foram fielmente descritas……..demaissss………aliás, mais que demais ……
Voce é genial !!!! O mundo necessita de Jéssica Pellegrini!!!!
Acredito que o amor tem que ser saboreado a cada três horas. Porque se ficarmos muito tempo sem se alimentar, vamos querer comer tudo o que ha pela frente.
A medida que selecionamos o que comer: respeito, carinho, dedicação, sexo e amor. Poderemos montar o cardápio da consciência e amor próprio. Estar consciente nos impede de sairmos correndo e comer em qualquer lanchonete… saberemos esperar para apreciar um bom prato em um belo e delicioso restaurante.
Amei Jessica a forma singular que você tem de fazer analogia dos desencontros amorosos com a alimentação… seu texto e barbaro
Que texto sensacional. Falou muito sobre o “raso” dos relacionamentos atuais.