Nos tempos de escola provavelmente algum professor já te disse que o importante é competir e não ganhar. Aí você cresceu, ou antes mesmo disso, descobriu o significado do verbo perder em uma situação muito menos divertida que um jogo de queimada na quadra do colégio, com seus coleguinhas de classe divididos em time Azul e time Vermelho.
Pode ser que a incrível descoberta de que não importa o quão brilhante você seja, mesmo assim em algum momento da vida você terá que se deparar com a perda, tenha vindo na forma de um amor com promessas de eternidade, até se perceber que o para sempre era bem mais etéreo do que se gostaria. Ou na tentativa frustrada de realizar um sonho que você acreditou, batalhou, insistiu, persistiu e mesmo assim não se realizou. Talvez, nas chances que você nem sequer soube entender estar se desenhando a sua frente. Ou numa simples discussão em que os argumentos se esgotam e você não tem outra alternativa a não ser se render.
Perder em alguns momentos é uma escolha, mas em outros tantos se torna inerente ao caminho. E no caminho dificilmente alguém nos ensina como perder, aprendemos sozinhos mesmo. Aprendemos depois de muito bater a cabeça na parede e dar murros em pontas de faca. Chorar, se descabelar, dramatizar e fazer a pergunta mais cruel de todas: por que eu?
E por que não eu?
A gente sofre com os fracassos e temos todo o direito de sofrer, sem essa onda cafona de ditadura da felicidade! Mas tem uma hora, depois de perdas homéricas e apoteóticas, que a gente se depara com a perda honesta e digna. Aquela que faz a gente se olhar de frente e se encarar sem medo das desculpas: Perdi, playboy!
Quando a gente perde bonito, com a tal honestidade e dignidade de que falei acima, de simplesmente aceitar sem criar mil desculpas ou perguntas, sem culpar o mundo todo ou se culpar como se fôssemos os algozes de nós mesmos, nessas horas é quase gostoso perder!
Aceitar que não dá para ganhar sempre não é engolir o discurso mal contado dos tempos de escola, de que o importante é competir. É exatamente não competir com o que não se tem controle. Quando passa pela generosidade consigo mesmo a perda pode ser leve, suave, até um tanto libertadora.
É conseguir olhar para frente sem perder tanto tempo no que poderia ter sido e não foi. E aprender a se amar um pouquinho mais ao aceitar que ninguém veio ao mundo com a incumbência de ser “Mr.Perfect”.
Nem sempre dá para perder bonito, às vezes, é necessário perder feio. E tudo bem também, tem perdas que são quase inconcebíveis para se exigir que as compreendamos. Agora, se um dia você conseguir ter olhos mais serenos diante de um fracasso, saiba que no fundo não foi perda, foi ganho.
Karlinha, esse texto está salvo nos meus favoritos, e leio ele todos os dias!