A vida muda num batimento cardíaco

Dar tudo de si para seguir os planos ao pé da letra é como ancorar a vida a um balão de festa. Parafraseando Caio Augusto Leite: hoje é sábado, talvez chova, talvez eu chore. Talvez você venha. Tudo é incerteza, tudo é talvez, tudo pode ser…

Fácil perceber o quão inconstante é cada passo que damos. Por mais que se planeje os caminhos, não dá para prever os buracos que irão aparecer na estrada. Para isso, os contornamos, desaceleramos e vamos mais atentos para os possíveis obstáculos.

A vida muda num batimento cardíaco. Tão frágil quanto a chama de uma vela em vendaval. Toda essa incerteza deveria nos fazer valorizar cada dia que ainda temos nossa luz, pois não se sabe quando o sopro virá mais forte e ficaremos na escuridão. Tudo muda em uma pulsação. Num momento estamos rodeados de pessoas e no outro, tudo fica fora de foco e nos encontramos só com a nossa presença. Assim, rápido quanto um andar de ponteiro. Insistimos na crença da eternidade quando tudo que podemos prometer é o agora. O que vem depois é uma surpresa embalada e com lacinho. Já não reconhecemos nossos reflexos. Costumávamos ser tão diferentes…

“Quem é essa pessoa me encarando do outro lado?”

Como acreditar que somos nós se há segundos atrás éramos tão mais jovens, mais cheios de esperança? O tempo é tão sucinto que parece que ao se espreguiçar de manhã já deixamos quem costumávamos ser no travesseiro. De repente, mudamos de opiniões e ficamos sedentos por outros cenários, novos roteiros.

A vida é o vento que muda o rumo da maré. Deixa a alma incurável, pois não há jeito de se permanecer como está. A maior virtude é saber se doar para o imprevisto, aceitar que os dias no calendário vão ser riscados e o que vai vir pode não ser o que esperamos. E quando vir, teremos que engolir a parte mais triste e esperar por dias melhores.

A vida muda num batimento cardíaco. Sonhamos em alcançar lugares e em seguida já não lembramos o porquê. Os sonhos se renovam e tomam novas proporções. Somos moldados diariamente e não poderia ser de outro jeito. O mundo cobra adaptações e cascas mais grossas.

A vida muda num batimento cardíaco,
nos bate,
e muda.



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"Paulista. Pisciana. 21 anos de excesso de sentimentos. Nada como um gole de café e uma dose de drama pra passar o dia. Meu bem, eu exagero até nas vírgulas."

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