Já foram tantas feridas eternas
que sangraram e se esvaíram no dia a dia.
Já foram tantas certezas inerentes
desbancadas pela maturidade adquirida da dúvida.
Já foram tantas noites mal dormidas
que minha intimidade com as estrelas já parece abraço.
Já foram tantos choros desesperados
que me entorpeceram e afogaram o que era dor.
Já foram tantas sementes meticulosamente regadas em solos de falsos amores
que hoje sei que é preciso que eu me distraia para que virem flor.
Já houve tanto desconforto, desamparo
tantos pedaços arrancados sem anestesia
mas que foram suturados pela euforia do novo
que reduziram o limiar do meu sorrir
e me mostraram que estar vivo é um eterno remendar.