Hoje acordei com uma vontade louca de gente orgânica. Com uma vontade de gente de verdade, sem sabor artificial. Gente autêntica que não foi criada em laboratório.
Hoje tive vontade do que é natural, tive vontade de gente saudável. Daquela gente que é leve e faz bem. Daquela gente amiga que abraça de verdade, que fala com sinceridade, daquela gente que realmente é. Hoje tive desejo por pessoas que pensam não só em comer o que faz bem, mas que também cuidam para que o que sai da boca e da alma conforte e sacie.
Hoje todo meu eu gritou por aquelas pessoas gostosas, por aquelas pessoas de uma doçura mansa, por aquelas pessoas que preenchem nossa alma com carinho. Que enchem nossa vida de alegria, que enchem nossa vida de sabor e beleza, que são simples, que são verdadeiras, que são fiéis. Que têm sabor de maracujá quando maracujá, que têm sabor de morango quando morango e que passam longe do tão artificial e popular tutti-frutti.
Mas quanta gente tutti-frutti existe! Gente que é um amontoado de coisa que não faz bem. Gente que tira o gosto bom do que é natural. Que tem a casca lustrosa, mas a polpa sem sabor algum. Gente que faz mal.
Hoje tive vontade de reencontrar todos aqueles que desabrocham naturalmente. Assim devagar, de acordo com as estações, resistindo às chuvas e as temperaturas desregradas. Tive vontade de sorrir com a boca, com o fígado e com o coração. Tive vontade de dizer o quão importante é ser de verdade, sentir de verdade, se entregar de verdade.
Hoje tive saudade de gente bonita, gente que é um deleite para a alma. Gente boa que ainda resiste ao tão popular industrializado e sintético. Que ainda resiste frente a um mundo de invenções rápidas que anestesiam o paladar. Hoje tive saudade dessa gente sem agrotóxico, que se faz com carinho. Que pensa antes de julgar, que entende o poder das palavras, que compreende o outro pelo olhar.
Hoje neguei o artificial. Hoje neguei o usual e tive vontade de um mundo simples, de palavras certas nos momentos certos, de pessoas que ajudam, de gente cheia de uma sabedoria honesta em um tempo louco no qual deixamos de nos importar com a época das coisas e quase esquecemos a gostosura que é colher fruta no pé.
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