O silêncio é o prognóstico da cura

“Um amigo prova o seu amor quando faz uso medicinal do silêncio. Quando  percebe o outro em estado de lágrima, se derrama para dentro e aperta os olhos para transmitir segurança. O outro sabe que na amizade a dor é ponte para dois abismos. Se um sofre calado, o outro chora alto, com direito a soluço e apresentação cênica. A verdade é que a dor tem mania de espetáculo. Até mesmo o que chora para dentro vai pedir licença para desentupir os olhos no banheiro. Volta tentando disfarçar a cara vermelha e o inchaço dos olhos. O outro que era matriz da dor, logo percebe o insucesso da tragédia. Oferece o abraço como abrigo. Os dois silenciam… é como se as duas dores dessem as mãos numa ciranda fúnebre. Nessa hora, só o silêncio faz sentido. A “não-palavra” não é sinônimo de indiferença, mas de cumplicidade. O silêncio é a linguagem compartilhada do sofrimento. O silêncio faz compressa no batimento da dor. O silêncio é o prognóstico da cura.”



LIVRO NOVO



ESTER CHAVES é uma escritora brasiliense. Graduada em Letras pela Universidade Católica de Brasília e Pós-graduada em Literatura Brasileira pela mesma instituição. Atuante na vida cultural da cidade, participa de vários eventos poético-musicais. Já teve textos publicados em jornais e revistas. Em junho de 2016, teve o conto “Os Voos de Josué” selecionado na 1ª edição do Prêmio VIP de Literatura, da A.R Publisher Editora.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui