Semana passada participei de uma aula de ritmos na academia e enquanto o CD do professor tocava “Fala Mansa” fiquei “rindo à toa” de, num insight, perceber que estava sentindo meu “EU” de novo.
Já declarei aqui todo o meu amor ao meu pequeno, num dos posts mais acessados e comentados_ “Todo amor que houver nessa vida”_. E realmente, desde que me tornei mãe todos os papéis ficaram em 2o. plano, até o marido, que graças a Deus sempre soube compreender, apoiar e ajudar.
Acho que tive “depressão pós parto” ao contrário. Explico: Fiquei tão apaixonada pelo bebê e por minha nova condição que não descansava, não desgrudava, não respirava longe da minha cria. Teve até um dia que ouvi do meu sogro: “Você está muito judiada…” e me deparei com um ser descabelado, cheio de olheiras, pijama amassado e muito cansado frente ao espelho. Ia para o trabalho levando a bomba elétrica extratora de leite alugada pela internet e não descansava. Atendia meus pacientes, fazia a ordenha, ligava em casa e na hora de ir embora corria feito uma doida no trânsito.
Hoje é muito prazeroso lembrar disso. Mãe tem mania de se achar uma heroína, quase uma super mulher por dar conta de tudo. A verdade é que qualquer realização passa pelo fato de nos sentirmos úteis para alguém.
Porém, nunca pensamos que devíamos nos colocar no topo da lista das pessoas a quem deveríamos ser úteis, como no avião, quando dizem que a mãe deve colocar a máscara de oxigênio primeiro nela e só depois no filho.
Não é pecado se colocar em primeiro lugar.
Não deveria haver culpa quando nos amamos.
Quem passa anos ou a vida inteira abdicando de si mesmo em prol dos demais, pode um dia amargar severas consequências _ ressentimento acima de tudo.
Aquela tia que deixa de casar e ter seus próprios filhos porque cuidou dos pais ou dos irmãos mais novos autorizou-se ser “generosa” e “mártir”.
Mesmo que mereça, não vai adiantar cobrar sua retribuição no futuro…
Porque quem deveria ter cuidado de si mesma era ela _ e agora vai culpar quem?
Antes deveria ter colocado a máscara de oxigênio em si mesma, porque no fim das contas colocou em todo mundo e morreu sem ar.
Adoro o filme “Shirley Valentine“. Adoro a personagem conversando com a parede e mudando seu destino.
Aprendendo a dizer “não” para o marido egoísta e finalmente dizendo “sim” a si mesma.
Porque nos habituamos a dizer “não” para nossas necessidades e “sim” para as necessidades dos outros.
O filme é divertidíssimo e faz pensar. Depois de dizer “não” para o marido, Shirley Valentine compra uma passagem, faz as malas, embarca com uma amiga para a Grécia e refaz sua história.
Nunca é tarde para recomeçar, mudar a rota, ser feliz.
Naquele dia, durante a aula de ritmos, senti que uma parte de mim sorria e me agradecia através do espelho.
Eu estava respirando com minhas máscaras de oxigênio e quando peguei meu menino na natação estava muito mais leve…