As formigas e o ciclo da vida

Já faz algumas semanas que tenho observado, todos os dias ao chegar ao trabalho, uma longa, grossa e negra fila de formigas enfileiradas. Parecem sempre muito ocupas, sempre andando de um lado para outro, mas sempre seguindo a pequena fila que ali estava todos os dias.

Diariamente ao passar por elas faço questão de dar um passo mais longo e deixar o que está em tão perfeita harmonia continuar a ser tão belo…

Certo dia estava eu tomando um café e fumando um cigarro, quando percebi que uma pessoa se aproximou daquela faixa preta que se movimentava pelo chão, tão graciosamente, em tão perfeita sincronia (como que, se você parasse para observar aquelas formigas, tudo em sua volta se silenciasse), levantou o pé e pisou em cada uma delas. Algum tempo depois, passei por onde as formigas se enfileiravam e não vi mais nada…a não ser por pequenos pontos esmagados no chão.

No outro dia ao voltar ao trabalho assustada percebi que a mesma fileira de formigas havia se formado outra vez. Neste exato momento comecei a refletir. Tudo está em tão perfeita harmonia, vem o homem e tudo se transforma em caos; Tudo está tão belo, vem o homem e faz ficar feio;

Tudo tem um ciclo de vida, vem o homem e tenta ser Deus começando a ditar suas regras;

Percebi, então, que nós seres humanos deveríamos ser como as formigas.

Cada uma tem sua razão de ser, cada uma tem sua importância na sua comunidade, importância essa reconhecida por cada um quando se vê o resultado do todo. Percebi também que aquela pequena fileira, longa e negra era apenas uma pequena parte de um todo muito mais complexo e amplo. Percebi que mesmo estando em dificuldades continuaram suportando obstáculos diariamente, começando cada dia como se fosse o último de suas vidas.

Finalmente entendi que podemos ser e suportar muito mais do que acreditamos. Que precisamos acreditar mais e perceber que o que vemos e somos é infinitamente pequeno diante da grandeza da natureza… Basta comparar uma fileira de formigas ao tamanho do universo…Imagine como se fossemos as formigas. Que temos que ser mais tolerantes uns com os outros e saber reconhecer que somos todos diferentes, com inúmeros defeitos e qualidades. Que deveríamos nos amar mais para sabermos o que é o amor, porque só assim saberíamos amar ao próximo. Que deveríamos, antes de qualquer coisa, respeitar a natureza e tudo o que dela faz parte, os animais, as plantas, a água. Porque na verdade sem ela (a natureza) não somos mais que “nada”. No final das contas acho que preferiria ser uma formiga…



LIVRO NOVO



Jornalista e professora por formação. Amante da natureza e dos animais. Sua companhia é seu cachorro vira-lata, Zeca. Encontra na palavra escrita aquilo que muitas vezes falta à boca, sons que não ouvem o ouvido, coisas que não veem os olhos. Cronista de emoção, sem grandes intenções. Escrever é tornar-se vivo, é ser, é busca e registro dessa força estranha, mutante e diversa que se chama vida.

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