No feriado de 02 de novembro minha turma de faculdade se reuniu para comemorar nossos vinte anos de formados. Nos três dias de encontro, percebemos o quanto a vida caminhou, cumpriu seu papel fortalecedor, gerou frutos (o número de crianças comprovava isso), trouxe novas dores e muitas responsabilidades. Mas durante aqueles momentos de intensa comemoração, pudemos deixar em casa o excesso de zelo e preocupações e voltar a ser aqueles que modificaram Alfenas há vinte anos.
Houve uma missa, celebrada por um grande amigo e colega de faculdade que se tornou padre. A celebração foi às margens de um rio, embaixo de um caramanchão. Ali nos demos as mãos e oramos juntos. Já não havia mais espaço para pensar no tempo que separou cada um de nós nesses vinte anos. Éramos de novo os colegas de classe, meninos de pernas de fora que se reuniam nas escadas da biblioteca e tinham sonhos, muitos deles, para quando a vida se cumprisse “de verdade”.
A vida se cumpriu de verdade. E descobrimos que nesta jornada a medida entre os acontecimentos bons e imperfeitos se contrabalanceou o tempo todo, e por mais difícil que tenham sido alguns momentos _ para todos, sem exceção_ estávamos reunidos ali, dando as mãos e agradecendo a Deus na beira de um rio. Nossos filhos estavam presentes para comprovar que a vida é cheia de ciclos, e que a gente pode sim voltar naquele ponto em que éramos tão felizes e livres. Que o bom da vida é essa capacidade de dar uma trégua quando o curso de nosso rio caminha turbulento, e descobrir que ainda somos os mesmos, apesar das ranhuras, faltas e falhas.
Talvez a amizade seja isso. A capacidade de nos darmos as mãos em que tempo for. A possibilidade de voltarmos a ser quem éramos no instante em que nossas histórias são recontadas de um jeito novo. A vontade de que o tempo não desfaça os laços nem desate os nós. A permanência de quem fomos no olhar de quem nos vê. A construção de um tipo de amor que não se desfaz com o sopro do tempo, mas se recompõe ao primeiro toque de acolhida. A vontade de estar junto, mesmo que isso custe horas de estrada e algum sacrifício.
Constatar que ainda somos os mesmos, apesar da bagagem adquirida por cada um, nos acalenta e fortalece para prosseguir. Pois descobrimos que amadurecemos, mas ainda conservamos algo em nós que permanece brilhando. Algo que não se perde nem com as ventanias nem com as tempestades. Algo que nos diz que estamos no caminho certo, apesar de vivermos histórias tão distintas.
É por isso que reencontrar amigos nos faz lembrar. Lembramos quem um dia fomos, lembramos a parte de nós que deixamos numa curva do caminho, lembramos aqueles que desejamos voltar a ser. Talvez saudosismo não seja a palavra exata para nomear esse tipo de sentimento. Acredito que “resgate” defina melhor essa sensação de querer buscar a porção de nós que nos lembra que a vida pode ser decodificada de uma forma mais simples e bonita. A porção de nós que reafirma e recorda que ainda somos os mesmos, apesar do tempo, em que tempo for…
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*Imagem: Pinterest
As amizades de escola são as melhores… Uma época só de vida aproveitada, sofrimentos bobos e sonhos, muitos sonhos. Não temos ideia no que vem pela frente!!! Ainda tenhos os meus amigos de escola… E como é bom!!! ??
Verdade Cíntia! Como é bom reencontrar nossos verdadeiros amigos! Obrigada pela leitura e por comentar! Bjs!!!
Encantadora como sempre! Sou sua fã Fabíola! Fiquei muito feliz por ter recuperado sua página no Facebook! Abraços! Bruna
Obrigada Bruna!!! Muito feliz com seu carinho, bjs!
Que maravilhoso texto! Tão feliz em te ler novamente. .. já fizemos Bodas de prata da Graduação e, no próximo ano, comemoraremos nossos 30! Maturidade e amizades que permanecem. …não tem igual… Sim, permanecemos os mesmos….
Receba meu carinhoso abraço de agradecimento!
Lindo texto, Fabíola! Fico feliz com sua volta, forte e inspirada. Felicidades!!! Grande abraço, Hilda
Linda demais. Me emocionei
Linda demais. Me emocionei
Boas, poderia partilhar o link da minha lojinha para criança? Roupas e brinquedos? Agradecia imenso <3
Muito lindo texto relatando os momentos mesclados de ontem e hoje. Parabéns pelo reencontro com os colegas e pela obra dele resultada 😉 Ah, que bom que recuperastes a página do Facebook! Denunciei um perfil onde tem teu nome completo, cuja página ainda está ativa. E o outro já não aparece mais 😉
Não sei como denunciar! Como sou analfabeta em FACE posso perguntar, você não pode denunciar? Hoje procurei seu livro e não encontrei na livraria Leitura.
Apaixonada pelos seus textos Fabíola, não tem um que não leio e me tele transporto para aquela situação, você é realmente demais !!!♡♡