Algumas séries me fisgam pelas beiradas. São frases, ditas no meio de um episódio, que me levam a refletir os últimos acontecimentos de minha vida, e de repente estou apaixonada pelas personagens, feito a Teresa, de “Três Teresas”, na noite de ontem. Lá pelas tantas, a frase: “O mundo da gente começa a morrer antes da gente… e a gente tem que continuar…” _ Pronto. Foi a deixa para meu pensamento voar, entender alguns desencaixes, suportar certas partidas, colocar algumas peças no lugar.
A gente tem que continuar mesmo depois que o arroz queima, a água seca, o vinho entorna. A gente continua depois de descobrir que os defeitos pioram com a idade e as qualidades viram hábito no dia a dia. A gente tem que continuar depois do luto, da partida, da despedida, das horas frias, do caminho incerto. A gente continua e aprende a cantar “apesar de você, amanhã há de ser outro dia…” para o amor que não deu certo, para as falhas recorrentes, para nós mesmos que nem sempre somos aqueles que gostaríamos de ser. Apesar de nós mesmos, de nossas fissuras e desencantos, a gente tem que continuar…
E aprendemos que ter que continuar é muito mais que traçar um caminho que justifique nossa esperança por dias melhores. É saber deixar pra trás com sabedoria, entendendo que a vida é constituída de muitas histórias, e que finalizar um capítulo não significa dar fim ao que somos.
O mundo da gente começa a morrer antes da gente, e aceitar nossa responsabilidade em deixar o mundo se modificar, se despedir ou se transformar requer coragem. Coragem de romper com modelos antigos do que fomos e assumir com maturidade novas versões _ muitas vezes melhores _ de nós mesmos.
De vez em quando nos habituamos a antigos nós. Preferimos a dificuldade do que é conhecido à facilidade de novos e perfeitos voos. Desdenhamos a felicidade como quem se empenha em ser infeliz e construímos muros a nos proteger da vida que chega trazendo ares de esperança e novidade. Preferimos nos refugiar no que é conhecido, e nem sempre melhor.
Muita esperança chega junto ao fim de ano e a promessa de novos dias, limpinhos, pra gente escrever a história da melhor maneira que puder. Talvez precisemos aprender a aceitar as novas realidades que inevitavelmente ocorrerão.
Haverá a mãe que terá que se adaptar ao fim da licença maternidade, a adolescente que verá seu namoro ruir, o homem que receberá o pedido de divórcio numa manhã aparentemente comum, a senhorinha que vai enviuvar, os pais que levarão seu menino ao aeroporto para fazer intercâmbio, a menina que verá o fim da infância num teste de gravidez, a decepção do jovem, o casamento da moça dos sonhos, o ninho vazio, as novas dores da maturidade, a traição, o recomeço, a renegociação com a vida.
Talvez seja isso. Aprender a renegociar com a vida, descobrindo que novas portas estão sendo abertas, mesmo que haja a tendência de nos fixarmos em cadeados fechados. O mundo da gente começa a morrer antes da gente, mas o futuro também guarda boas surpresas, e o que se pode chamar de “nosso mundo” não existe só no passado, mas na realidade que construímos diariamente e somente nós podemos lapidar.
A gente tem que continuar. Que 2015 traga o reconhecimento de nossos presentes, dádivas reais que permanecem além da morte de nosso mundo ou de um tempo. O que ninguém nos tira: a capacidade de nos recriarmos em qualquer tempo. A alegria de nos percebermos resistindo, apesar de tudo. A satisfação de percebermos nossa coragem. E finalmente, a paz de nos aceitarmos por inteiro.
Imagem: Via pinterest, por Edouard Boubat
Vc consegue escreve o que vai dentro do coração, parece que conhece cada um que está lendo….lindo!!!!
Muito bom!
Excelente!
Que belo texto. Logo pela manhã já dez chorar de emoção. Na vida eh assim mesmo, precisamos aprender a continuar, mesmo depois de alguns atravessamentos. Emoção pura o seu texto. Desejo para vc e sua família um Natal de paz e um 2105 repleto de amor, amor, amor de de todas as formas e muita saúde.
Obs: Os seus textos são acréscimos de vida!!!
Bj gde.
Juliana de Lima
Fabíola, , vc é uma contadora de emoções, lindo seu texto, é assim mesmo, temos sempre q estar recriando, por mais difícil q seja, a vida não espera !!! Ela quase exige de vc mudanças, pra q vc tenha a chance de sonhar mais um pouco !!! Desejo a vc e sua família um lindo Natal, e q em 2015, vc continue nos fazendo tão bem !!!!!
Conheço há pouco o seu blog mas vou passando por cá e sempre me sinto aconchegada… Obrigada
Olá Juliana! Que bom que gostou! Desejo a você e sua família um Natal abençoado também, e que 2015 traga esperança e paz. Obrigada pelo carinho, bjo grande!
Olá Jurema! Obrigada por acompanhar o blog, e por estar sempre presente com tanto carinho! Que você e sua família tenham um ótimo Natal também! Grande beijo!
Obrigada Maria! Bem vinda, bjs!!!
Lindo blog, cheinho de reflexões…adoroo 😉
Amei o texto, parabéns e obrigada!
Olá Fabiola, adorei conhecer seu site e claro você também. Gostaria de saber quem é o autor do livro Três Teresas.
Obrigada! Bem vinda (o)!!!!! Bjs!
Obrigada Ivete! Bjs querida!
Olá Aldemar! Bem vindo! Não existe o "livro" três Teresas, e sim um seriado nacional, que era veiculado pelo canal GNT! Abraços!
Olá Fabíola,seus textos são fascinantes…Leio todos e amo todos!Que Deus a abençoe!!!Bj!
Fabíola, parabéns pelo texto, adorei!
Compartilhei na minha página, ok?
Forte abraço!
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GOSTEI MUITO DE LER