No final de outubro o furacão Sandy devastou NY.
Aqui no Brasil, o PCC ameaça, fere, mata. Vive-se o caos do medo, da insegurança, do descrédito na justiça.
Enquanto as vítimas correm, protegem suas crias e criam muros para se proteger_ enquanto estão no “olho do furacão”_ não há dor que chegue, não há medo que paralise. De repente temos forças para correr na velocidade de uma maratona, aguentamos nocautes de pugilistas, somos feridos na pele, carne e alma e não sentimos.
A dor só vem depois.
Vem no dia seguinte, na outra semana, meses, anos mais tarde. É aí que a ficha cai e as feridas começam a acusar o trauma.
Vem na hora que olhamos o que sobrou _ de nós, dos nossos _ e percebemos as ruínas e os destroços.
Enquanto o furacão te cerca, não tente ser maior que ele. Não levante, não lute… pois ele vai te derrubar ainda mais. Apenas respire… Não insista, não fale, fique imóvel. Aquiete-se, diminua de tamanho, abrace seu corpo com todas suas forças e deixe a poeira baixar.
Você só tem clareza de tudo quando sai do olho do furacão.
É aí que o raciocínio retorna e você respira. Uma respiração dolorosa e curativa, mas ainda assim dilacerante.
Quando o susto vira realidade _ palpável, quer você queira ou não _ você tem que agarrar a dor e reciclar os cacos, transformando os fragmentos em algo absolutamente novo: mosaico, caleidoscópio ou obra de arte.
Você já não é mais o mesmo. Olha pra trás e enxerga que esteve em chamas, no olho do furacão, e saiu de lá outro. Seu espírito é outro. Aquele anterior não existe mais.
Então é hora de levantar do chão e recomeçar.
acho que descobri outra razão de gostar tanto dos mosaicos. dá pra fazer arte até com os cacos, não é?