A artista plástica Kawara Welch, foi presa no início do mês por stalking, prática considerada crime desde 2021. O stalking recentemente se tornou um assunto muito comentado nas mídias por conta de um dos últimos sucessos da Netflix, o seriado Bebê Rena.
Welch foi acusada por um médico, que prefere não ser identificado, de persegui-lo desde 2019. “Ela ficava me esperando na esquina do meu trabalho. Ela invadiu a minha clínica. Eu fui perseguido várias vezes.”, contou o médico ao Fantástico.
Os dois se conheceram em 2018, quanto Kawara foi atendida em um hospital particular, com problemas de depressão. “Ela falou que aquilo não era uma coincidência, que ninguém salva a vida do outro tantas vezes do nada, que aquilo tinha alguma coisa a mais.”, detalhou.
Foram mais dois atendimentos para que a mulher procurasse a outra clínica onde o médico também trabalha. E foi quando o stalking começou a ganhar força.
“Ela teve acesso ao meu celular e começou a passar mensagens e fotos perturbadoras mesmo, amarrando lençol, corda no pescoço, despedia de mim. Eu entrei em pânico”, contou ele.
Além das fotos, Kawara passou a mandar mensagens em tom de ameaça. Ele, então, decidiu parar de atendê-la na clínica, mas ela insistiu.
A reação inicial do médico foi de evitar o contato com Kawara, ele pedia à direção que outro profissional a atendesse. Mas, a situação não melhorou.
“Ela chegou, em uma situação especial, a me passar 1.300 mensagens em um dia. E ligações ela chegou a me ligar mais de 500 ligações em um dia, um único dia. Eu troquei de número de celular umas três ou quatro vezes, mas parei de trocar porque vi que era totalmente inútil. Ela tinha uma facilidade incrível em achar meu número novo.”
Kawara também fez ligações insistentes para a mulher do profissional e para o filho.
“Ela ligava quando ele tinha 7, 8 anos, aí ele não entendia bem aquilo e falava ‘papai, tem uma mulher me ligando’ perguntando se eu estou na escola, onde que eu estou.”
Além dos telefonemas e das mensagens, as investigações da polícia encontraram montagens feitas por Kawara em redes sociais para dar a impressão de que os dois tinham um caso.
Ao longo dos últimos cinco anos, o médico registrou 42 boletins de ocorrência contra Kawara. Em 2020, ela assinou um acordo no Ministério Público comprometendo-se a deixá-lo em paz, mas a perseguição culminou em violência física. Em 2022, Kawara invadiu o consultório do médico, onde houve troca de agressões com a esposa dele. Um ano depois, houve outro ataque no mesmo local, com xingamentos e acusações de roubo.
Prisão e Processo
Kawara foi presa em flagrante, mas ficou apenas uma semana detida após pagar fiança de R$ 3,5 mil, respondendo ao processo em liberdade. Em março de 2023, a Justiça determinou a prisão preventiva dela por furto e por descumprir medidas cautelares. Ela ficou foragida por mais de um ano até ser presa na semana passada em uma faculdade em Uberlândia, onde estudava nutrição.
Defesa e Investigações
O advogado de Kawara afirmou que houve um envolvimento entre ela e o médico, negando as acusações de crimes. No entanto, o médico nega qualquer relacionamento com a artista, e o delegado do caso, Rafael Faria, acredita que o relacionamento não existiu: “Nós acreditamos que não houve esse relacionamento. E, mesmo se houvesse, não justifica de forma alguma esse tipo de ação, esse tipo de conduta da Kawara.”
Saúde Mental e Tratamento
O psiquiatra Daniel Barros explicou que stalking pode ou não estar relacionado a transtornos psíquicos, mas ressaltou que não há laudo sobre as condições mentais de Kawara no processo. “Importante a gente lembrar que stalking não é um diagnóstico médico. Stalking é um comportamento que no Brasil é crime.”
Enquanto isso, o médico e sua família continuam em tratamento para controlar o pânico causado pela perseguição.
