Em defesa da vida

Defendo a alegria de sexta-feira mesmo sabendo que a segunda-feira preguiçosa está quase chegando. Ainda assim, saio em defesa da esperança de dias melhores.

Defendo a diversidade de ser eu, tu, ele, nós, vós, elas seja na raça, credo, cor e no amor. Cada um que siga o seu destino. Cada um que faça a sua história.

Defendo ser forte, fraca, vulnerável, qualquer outra coisa da série “sou”, sem inventar, pensar, medir ou retrair. Defendo a autenticidade.

Eu defendo o livre arbítrio, portanto é permitido quebrar a cara, as regras e voltar se quiser, com o joelho roxo e o coração esfolado. Defendo porque cada um tem o direito de produzir suas próprias experiências.

Defendo o direito de ser dolorosamente humano, deliciosamente sonhador, intempestivamente corajoso. Defendo para afastar o ranço da obviedade.

Defendo o choro quando ele for necessário e o riso quando for indispensável, porque todos possuem o direito de atolar o rosto nas tristezas, para sair com uma alegria característica da superação.

Defendo a vida como única propriedade que temos e o mais que surgir pelo caminho, são coisas sortidas, avulsas e provisórias, inclusive o amor. Então, é preciso viver mesmo denso ou delicado. Viver enquanto é tempo.

Defendo a obrigatoriedade de fazer coisas banais. Lavar louça após o jantar de comemoração, sem a tristeza de estragar as unhas. Acordar cedinho para ver o céu sem resmungar pela hora. Tomar banho, cantando desafinado, sem querer alcançar os acordes musicais de um tenor de sucesso.

Defendo a exclusividade de todos os ciclos, da fartura de felicidade a escassez de motivos. Das sombras noturnas à claridade dos dias.

Defendo a vida coletiva, a interação e a permissividade de momentos de reclusão como necessários para reabastecer a alma.

Defendo os sentimentos verdadeiros e a valentia para divulgá-los. A coragem para afastar o medo. A bondade para estender a mão. A humildade para perdoar. A infinita capacidade para recomeçar. Defendo a insistência. A tolerância e o companheirismo.

Defendo colher girassóis à tardinha. Pintar o dia mais cinzento. Bordar ternura nas palavras mais ásperas. Celebrar a gratuidade da natureza. Cabular as mágoas. Aceitar os abraços. Dar à mão a palmatória para mudar de rota. Virar o disco.

Defendo a delicadeza das mãos dadas. A gentileza das esperas. Defendo o novo jeito de viver sem o velho manual rígido que nos obriga a fazer coisas sem sentido

Defendo a liberdade e o calor mais bonito do encontro humano. Defendo e inauguro essas anotações



LIVRO NOVO



Maranhense, pedagoga e insistente para que suas palavras tomem o rumo da vida e façam arruaças afora como sinal de esperança, alegria e amor.

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