Gosto do silêncio porque não tenho medo dele. Ao contrário, o silêncio me salva. Se eu puder dar um conselho pra você que me lê, com toda humildade, diria: exercite o silêncio.
O silenciar acalma a alma, transporta nosso ser mais íntimo para seu lugar mais seguro. É um poderoso exercício de amor. Amor com a gente mesmo, sabe?.
O silêncio é um milagre, é um presente de Deus. Silenciar é mais milagroso do que falar. O silêncio não julga, muito embora ele também fale – e fale muito. Só quem não tem medo do silêncio consegue ouvir o que ele diz e, às vezes, ele grita.
Leio muito sobre o silêncio na busca de explicar minha sintonia com ele. Por isso, sei que pesquisadores do Canadá têm destacado o poder peculiar do silêncio para acalmar nossos corpos e sintonizar nossos pensamentos internos.
Acho isso realmente um milagre.
O barulho cada vez me incomoda mais. Locais cheios de gente falando junto me dão um nó. É que eu aconteço de dentro pra fora, não só eu, todo mundo, eu sei.
Mas, o meu florescer acontece em silêncio, na quietude da minha cabeça, do meu coração, na abstinência das minhas cordas vocais.
Entenda, quando você está em silêncio o ar que sai dos pulmões passa livremente pela laringe, pois as cordas vocais estão completamente afastadas.
É claro que não estou falando em virar monge e praticar o retiro do silêncio 24 horas por dia, muito embora essa ideia não me pareça tão ruim hoje em dia (risos).
Mas, falando sério, o que digo é: não tenha medo do silêncio! Pratique o silenciar do corpo, da mente, das cordas vocais e de todo resto, de preferência faça isso algumas vezes ao dia.
O silêncio dói quando grita, mas é só no começo (ou quando precisa). Depois, prometo pra você que o silêncio vira aconchego, vira alegria, vira paz.
O equilíbrio entre silêncio e barulho é importante, mas o silêncio é ainda mais. Fique mais silêncio, fale menos e só fale se for para edificar alguém ou o mundo. O seu mundo, também.
Há uma infinidade de vírgulas e pontos finais no silêncio, há exclamação e muita interrogação. Acho que a segunda é sempre mais importante.
O silêncio questiona.
E, muitas vezes, só o silêncio responde.
Que texto lindo, falou muito comigo. Tenho me sentido muito assim ultimamente, depois de ser assaltada na porta de casa escrevi uma pequena meditação sobre o silêncio. Amo essa fala, ela foi retirada da página 232 do livro Comer, rezar, amar da Liz Gilbert.
– Aprender a disciplinar sua fala é uma forma de evitar que suas energias se esvaiam de você pelo buraco da sua boca, exaurindo você e enchendo o mundo de palavras, palavras, palavras, em vez de serenidade, paz e contentamento.
Ketut dizia que devemos manter o silêncio com rigor, para ele era uma prática de devoção.
Ele dizia que o silêncio era a única religião verdadeira. p. 232.