A cultura na visão de Frei Betto e sua avó

Jamais se envergonhe de sua cultura. Ela é a sua raiz e identidade. Quem é mais culto: o professor de física quântica ou a cozinheira analfabeta que lhe prepara manjares de dar água na boca? Lembre-se: não existe ninguém mais culto do que outro. Existem culturas distintas e socialmente complementares.

E arrematou:

– Para sobreviver, o professor de física quântica depende mais da cultura da cozinheira analfabeta do que ela dos conhecimentos dele.

Frei Betto

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Considero fundamental e importantíssima essa reflexão da sua avó, dona Maria Zina, porque vivemos num mundo repleto de competição, onde muitos se sentem melhores do que os outros. Sempre reitero que a competição tem uma relação direta com a comparação. As pessoas se comparam de “n” maneiras, e isso nunca leva a lugar nenhum, porque cada pessoa é um universo particular, com uma história de vida única e incomparável.

Cultura é uma palavra muito bonita. Sua raiz etimológica significa cultivo. A cultura é aquilo que cultivamos, por isso que não se restringe a algum conhecimento acadêmico, este é apenas um dos tipos de cultura. Não é à toa que se usa a mesma palavra para a agricultura (cultivo dos campos). Os campos só crescem se cultivados, se bem cuidados, se bem alimentados…

Ele cita a arte de cozinhar nesse texto. Eu tenho um respeito e admiração profunda por quem cozinha bem, e já escrevi em vários textos que sou muito fraco nessa arte. Se eu dependesse apenas de mim pra me alimentar, tenho certeza que seria “seco em vida” como se diz popularmente! Até me identifiquei total com as palavras do Frei Betto. Eu entendo bastante de Física Quântica, afinal, minha primeira graduação foi em Física. Mas jamais saio por aí falando pra todo mundo sobre isso, porque sei da complexidade e mais ainda, sei que em determinados lugares é um verdadeiro contrassenso falar sobre Física não é mesmo?

Eu cultivo o conhecimento e gosto de compartilhá-lo, e acredito que a dona Zina quis dizer nas entrelinhas do seu ensinamento que precisamos nos manter sempre abertos para apreciar as culturas diferentes da nossa. O Frei Betto escreve: “Existem culturas distintas e socialmente complementares”. Isso é maravilhoso e muito verdadeiro!

Eu trabalho como professor e se não fossem os alunos não poderia exercer essa profissão. Isso pode ser levado para todas as áreas: um motorista conduz os passageiros para seus destinos e eles pagam a passagem que se reveste no seu salário e manutenção da empresa de ônibus.

Os advogados trabalham para estabelecer a justiça em situações onde os envolvidos de alguma forma necessitam dela para restabelecer a harmonia. Eles passam anos estudando e aprendendo um montão de coisas! É fantástico poder contar com eles quando se precisa. Sua cultura é mais do que fundamental no nosso mundo.

Há também as culturas ligadas aos costumes, que fazem com que o turismo seja forte nos mais diversos estados no nosso país ou mesmo pelo mundo afora. Já pensou que tedioso seria se os países do mundo inteiro tivessem os mesmos costumes? Quando viajamos sempre voltamos pra casa contando as coisas que são diferentes do local onde moramos não é mesmo? É exatamente aí que nosso repertório de vida se amplia!

Enfim! Exemplos não faltam, mas a principal mensagem do Frei Betto e sua sábia avó é que as culturas se complementam e todas são importantes. Não existe uma melhor do que outra e a beleza da vida está justamente em nos conectarmos com as mais diversas culturas, compartilhando a nossa e aprendendo um pouco com a das outras pessoas e outros povos…



LIVRO NOVO



Bacharel em Física. Mestre em Engenharia Mecânica e Psicanalista clínico. Trabalha como professor de Física e Matemática, mas não deixa de alimentar o seu lado das Humanas estudando a mente humana e seus mistérios, ouvindo seus pacientes e compartilhando conhecimentos em seu blog "Para além do agora", no qual escreve desde 2012.

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