Antes de ignorar, lembre-se que descaso gera desinteresse e não amor

Não sei em que parte da vida a sociedade pregou que essa história de “pisa que gama” daria certo como condição de conquistar o amor de alguém. Além de contraditória, a teoria cria relações frias, desinteressantes e chatas, além de formar verdadeiros atores na arte de ignorar.

Amor virou objetivo de vida. As pessoas querem a todo custo estarem acompanhadas, felizes e completas, e, para atingirem esse objetivo, usam de artifícios contraditórios e bizarros. Funciona assim: o que demonstrar menor interesse na relação é o que “vence”. Para tanto, algumas “táticas” devem ser seguidas à risca: não ligue no dia seguinte, não demonstre sentimentos e seja o mais frio possível na relação. Bizarro, não? Mas é exatamente assim que acontece.

As redes sociais afirmam o conceito da indiferença. Não comente, não responda, não visualize os stories, não seja o primeiro a puxar assunto. E tudo com um único objetivo: conquistar o outro através da indiferença.

A questão é: qual a lógica disso? Por que para demonstrar sentimentos é proibido? Qual o problema em admitir que está interessado em alguém? Por que é tão difícil dizer que ama sem parecer um imbecil em potencial?

Pela lógica, ninguém gosta de ser rejeitado e ignorado. Nessa luta de egos, perde quem finge não se interessar e, perde, quem é alvo do desinteresse, já que ambos anulam a oportunidade de serem felizes. Essa história de que o amor está aliado à rejeição é coisa de adolescente (desculpe a sinceridade).

Outra teoria contraditória é a tal do “o que é muito fácil, não tem valor”. Quem disse? Tem sim! Não é porque você passou no primeiro vestibular que a faculdade perdeu a importância. Não é porque você conseguiu comprar seu carro antes do previsto que ele perdeu o valor. Não é porque vocês começaram a namorar na primeira semana que o encanto se perdeu. As pessoas precisam perder essa mania boba de valorizar o que as fazem sofrer e reconhecer que o valor das coisas não está no tempo de espera delas.

A verdade é que Bauman estava certo. Estamos na época dos amores líquidos, das relações fúteis e dos sentimentos egoístas. O que, claro, implica em relacionamentos vazios, frios e desinteressantes.

Seria muito mais interessante se as pessoas fossem objetivas. Bateu saudade? Ligue! Descobriu que ama? Fale! Incomodou? Resolva! Se não der certo, vida que segue. É melhor errar por ser intenso do que perder por ser morno.

***

Imagem de capa meramente ilustrativa



LIVRO NOVO



A literatura vista por vários ângulos e apresentada de forma bem diferente.

1 COMENTÁRIO

  1. Tenho pensado exatamente isto.
    O amor é sentimento e não joguinho de perde ou ganha.
    Um relacionamento só existe e sobrevive, consolida se o casal tiver o desprendimento de falar um para o outro dos seus sentimentos, bons ou não tão bons assim.
    Se não for assim não faz sentido de ser.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui