Tem mais gente que se desencontra do que se encontra no mundo. Já parou pra pensar? Já imaginou a quantidade de pessoas que você desencontra por dia? Mas, alguns desencontros marcam mais que outros. Tipo o meu e o seu, sabe?!
Enquanto você chegava em casa às 04:35 da manhã em uma sexta-feira, eu levantava às 07:00 pra fazer café. Enquanto você superava uma história traumática, eu estava recuperada de uma, ao menos até te conhecer. Falando em te conhecer… Cara… Às vezes eu queria poder voltar no tempo e te desencontrar. Ir embora mais cedo daquela festa, não aceitar o convite pro cinema, virar em outra rua, olhar para outro lado.
Se eu te desencontrasse, o fato de ter te encontrado e agora ter que te esquecer não doeria, sabe?! Esquecer que um dia a gente vai dar certo, esquecer que um dia estaremos no mesmo tempo e no mesmo espaço, num abraço no sofá em dia de domingo, quem sabe?!
Às vezes eu queria que você fosse mais um nessa multidão de gente que eu desencontro todos os dias. Porque aí eu ia chegar em casa e não ia pensar em você, eu não teria decorado o som da sua voz, eu não sentiria tanta saudade. Saudade. Porque aí eu não iria me preocupar com você, não teria que ouvir “shallow” na rádio, querer te contar e não poder.
Eu não iria lembrar de você no dia do Oscar, na praia em janeiro, nem o ano inteiro. Se eu te desencontrasse, talvez não me perdesse. Se eu não me perdesse, talvez um dia, quem sabe, a gente se encontrasse, se esbarrasse por aí em meio a uma multidão de desencontrados e fosse tudo diferente.