– Me conta isto direito, Miga.
É que eu nunca havia me sentido assim. Tudo parecia tão calmo e relento antes dele me aparecer com aquele maldito sorriso apaixonante talhado no rosto. E toda aquela calmaria que habitava em meu peito quieto, virou uma bagunça enorme aqui dentro no instante em que ele aproximou-se uns metros da minha pele. Sempre achei que quando alguém visitasse o meu coração fosse com a intenção de arrumar tudo, mas só agora entendi que o amor não quer ninguém pronto. Com um certo tempo, ele mesmo vai arrumando as coisas.
– Sei lá miga, você nem o conhece direito.
– Mas todos chegam na nossa vida como estranhos, né amiga. Até você fitar os olhos desse alguém e perceber que todo o seu mundo inteiro cabe dentro daquele outro corpo.
No primeiro instante em que meus olhos pousaram sobre as retinas dele o meu corpo balançou mais do que abalo sísmico em dias de terremotos violentos. Nos outros rapazes eu já não via mais tanta graça. Ele era a coisa mais incrível que eu havia fotografado com meus olhos cansados. Com os outros moços eu sentia apenas uma mera coceira no peito, com ele é diferente sabe; o meu corpo todo treme sem sinal febre, as minhas mãos soam sem distonia presente, os meus duzentos e seis ossos balançam mais do que as francesas nas festas de Paris, até os meus órgãos entram em sintonia querendo saltar de mim em direção ao corpo dele.
Meus versos unem versos com ele. Universo.
– Será amor, miga?
– Se for amiga, só você mesmo pode dizer. Mas de uma coisa eu sei, esse moço bonito é problema.
– Espero que também seja a solução.
De todos os lugares do mundo ele me apareceu justamente ali, no meio de tantos outros rapazes, com um sorriso maldito extremamente lindo estampado no rosto de quem costuma conseguir tudo aquilo que quiser. Chegou de mansinho e me disse um “oi-qualquer-coisa” e tudo que saía da boca dele soava como canção do Harrison Storm.
– Miga, vem cá. Estou sentindo um negócio entranho no peito, será amor?
– Vá ao médico, se caso os teus exames cardíacos estiverem normais, você sofre apenas de amor. E não existe remédio pra isso.
– Queria saber se ele sofre de amores por mim também.
Não há como explicar o amor que a gente sente lá no âmago da alma. Você precisa sentir lá no fundo este sentimento inexplicável, e assim, perceberá que não há explicação para ele. Pois o que é perfeito, permanece perfeito.
Certo dia escutei uma citação que resumiu bastante o que andava martelando aqui dentro; “Amor? Amor é um sentir sem sentido que dá sentido a tudo.
Entende aonde eu quero chegar?
Quase me esqueço, miga. Enquanto ao rapaz do sorriso bonito, te conto quando chegar em casa mais tarde. Foram dias confusos estes últimos. Mas está tudo bem. Graças a Deus.
Foi o que disse o meu cardiologista;
É só dor de amor, menina.
Essa todos querem sentir.