Era madrugada. Envolta em seus pensamentos, ela perdeu o sono. Não sabe exatamente quanto tempo ficou ali, mirando o teto e ouvindo o tic tac do relógio na penteadeira. Ela perdeu o sono, mas não os sonhos. Ela ainda esperava muito da vida…
Tinha sede de viver cada dia até a última gota. Era intensa em tudo que fazia e não se prestava a meios termos, ou, escaldando ou congelando. Era pragmática, prática, explosiva, mas tinha os seus momentos em que se imaginava na cena “eu, você, dois filhos e um cachorro”. Ela se completava na sua inteireza, sentia-se independente e sabia que sua felicidade não dependia de ninguém, mas ter alguém também podia ser uma boa ideia.
Gostava de voos altos, de olhar as casinhas lá de cima e de bater as asas sem destino. Aprendeu a fazer as pazes com o seu passado e assim só tinham ficado as lembranças bonitas e aquelas que ainda cabiam dentro do baú chamado coração. Amava o mar, as crianças, as flores e o sol. E, por mais que ao redor tudo parecesse caos, tinha sempre um sorriso teimoso no rosto. Ela nunca perdeu a fé na vida e nunca deixou de acreditar que este lugar podia ser melhor para se viver.
Já devia ser umas 5h da manhã quando ela se deu conta que seu sono não tinha a menor intenção de aparecer. Resolveu levantar-se, olhou-se no espelho e desejou bom dia para quem surgia na sua frente. Vestiu o seu vestido e o seu sorriso, cantarolou uma canção qualquer e saiu. Deu passos firmes, passos de quem sabe por onde passou e sabe pra onde quer ir. Cumprimentou o porteiro, deu bom dia pro sol e desejou que seu dia tivesse as 24h mais lindas da sua vida. Saiu sem preocupação, deixou o seu medo deitado no seu lugar na cama e decidiu que seria ainda mais feliz, só por hoje, apenas hoje, pra sempre hoje.
Tão sonhadora e ao mesmo tempo tão realista, seguiu pisando os pés no chão, mas manteve a cabeça nas nuvens. Ela só queria a alegria de percorrer caminhos floridos… Para isso ela seguiu semeando flores…