Reencontros

— Não esperava te reencontrar de novo.

— Ah! Oi para você também. De fato, também não esperava te rever. Não em terras praianas. Tudo bom, moço?

— Tudo. Clichê, mas melhor agora. Sei lá, realmente fiquei feliz de te ver de novo. Eu te acompanho sempre nas redes sociais, apesar de você quase não postar mais nada por lá.

— Evoluímos, meu caro.

— É, sei como é. Uma pena.

— Por que pena?

— Por que a curiosidade é uma bela merda, garota. A gente vai lá, querendo saber, e não há nada que possa ser descoberto. Frustração toma conta e aí dá vontade de passear em terras praianas só para te ver.

— Veio me ver?

— Não. Vim curtir as férias, como sempre. Te ver é como um bônus. Quer dizer, depende. Você está namorando?

— Firme e forte, até. Quem diria né?

— É. Ou não. Sei lá. A gente também ficou firme e forte por alguns anos, só que nossa base não cresceu sólida, eu acho.

— É.

— Vou confessar… Eu já sabia que você está enrolada até o pescoço. Joguei a pergunta só para ver o que você responderia…. Sei lá, vai que eu tinha alguma chance miúda?

— Quanta besteira, moço.

— Eu leio as tuas coisas, sabe? Eu acompanho tudo por debaixo dos panos. Quer dizer, não né? Porque tá lá para todo mundo ver, então eu não estou bem bisbilhotando nem nada, só que, sei lá, me dói um bocado ler as tuas coisas e saber que você está firme e forte, feliz, apaixonada…

— Ainda?

— É. Desde que estivemos juntos doía. Porque eu li o que tu escreveu para um amor antigo e comparava com as linhas que tu rabiscava quando estava comigo e… sei lá. Eu sentia inveja desse amor que tu um dia desenhou e queria que ele fosse todo meu. E agora eu vejo esse amor maior – que não é meu – e volta a me doer, porque você nunca me escreveu assim.

— Eu te tive de outras formas… Por favor, não compare. Você foi essencial para reerguer-me, sabe? Eu voltei a ter um pouco de riso e de paz depois que te conheci. A vida ficou mais leve.

— Você me teve de outras formas, mas nunca foi da mesma forma que eu. E eu preferia morrer pensando que você só não sabia me descrever direito. Sei lá, vai que descrever um cara boa pinta como eu seja difícil? Diz aí, teu amor não cabia nas tuas frases, confessa?

— Queria dizer que sim, mas é que de fato eu te tive de outras formas. Você perceberia o tom, acharia fraude. E não era fraude, só não era amor.

— F*.

— É.

— Bom saber, isso prova que eu estava certo o tempo todo. Pelo menos isso tu tens que admitir.

— É.

— Então, feliz de te rever. Você continua linda.

— Você também. Tá mais… maduro.

— É…

Silêncio constrangedor, segundos.

— Então… Continua dizendo as coisas bonitas que você diz. É legal imaginar que elas poderiam ser para mim. Não… Esquece. Eu não disse isso, ok?

— Tudo bem, sem crise. Cada cabeça, sua sentença.

— Verdade. Prazer, viu? Tchau.

— Tchau. Se cuida…



LIVRO NOVO



Engenheira, blogueira, escritora e romântica incorrigível. É geminiana, exagerada e curiosa. Sonha abraçar o mundo e se espalhar por aí. Nascida e crescida no litoral catarinense, não nega a paixão pela praia, pelo sol e frutos do mar.

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