Domingo visitei minha avó. Fazia tempo que não visitava sua casa, desde a morte do meu avô. Na volta, já no carro, chorei de saudade. Saudade dele, saudade dela, saudade do tempo que eu era pequena e via aquele recanto com olhos de meninice, os mesmos olhos que acompanharam meu filho, o menino que não queria vir embora depois de um dia cheio.
Minha avó sempre foi exímia cozinheira, além de bem disposta e dedicada a agradar a todos pela boca. Em sua casa nunca faltou o pão de queijo mineiro, a broinha de fubá e o biscoito de polvilho assados na hora, acompanhados do café coado no coador de pano e o chazinho de erva doce. Além da boa prosa em volta da mesa e do afeto em forma de pudim de leite condensado, minha avó me ensinou muito pelo exemplo.
Ontem, em sua simplicidade carregada de sabedoria, disse que o coração enfraquece com a idade. Enfraquece de tanto sofrer. E arrematou dizendo que mesmo assim tinha alegria na vida e nas coisas de tanto amor.
Amor sem preconceito, sem inveja, sem dúvida. Amor sem medo de tocar, de dizer que ama, de abraçar e segurar minhas mãos frias entre suas mãos quentes para me aquecer. Amor alegre, de riso fácil, com cheiro de manteiga e farinha; amor disposto e disponível, no entusiasmo das aulas de tricô, no feitio das bonecas de pano, na hidroginástica às terças e musculação às quartas. Amor na beleza singela que já foi perfeita, no dom de cuidar e servir.
Casa de vó é um monte de coisas mas principalmente um recanto de saudades, de saber que ali o tempo é escasso e passa depressa, de entender que nesse refúgio os momentos devem ser sugados até a última gota, porque a lembrança do quintal, do alpendre florido de orquídeas e da TV sintonizada nos canais tradicionais é muito passageira, ainda que eterna.
Lindo, emocionante.. quanta recordação bacana.. assim como a vó e o vô sempre foram. Obrigado pelo texto. bjos
serra, serra, "serra-a-dor". meu avô me balançava e cantava pra mim. de cabeça pra baixo eu sorria e pedia de novo. hj faço com meu filho, e ele também pede de novo. será que isso não vai ter fim?
vocês tem sorte pq por um lado eu nao sei o que é ter esse cuidado e carinho de vó. Minha mae nao se entende c minha avó e nosso relacionamento. ficou meio frio. Nao me lembro.de ser bem querida na casa dela…
Lindo lendo senti meus olhos encher d agua lembrei muito da minha vizinha linda carinhosa sempre com a mão d farinha por estar preparando alguma coisa que dias encantadores deitar na sua cama cheirosa o cheiro q so tinha na sua cama acordar com ela cantando ao estender a roupa no varal da sua risada nossa q falta ela faz na minha vida
Lindo.
Tenho tres netos. Mas, meu filho acha q minha casa é “saco de pancadas” onde eles podem destruir tudo! Preciso impor certas regras, para a educação deles. Como por ex: não pularem no sofá, não pendurarem na cortina, (já quebraram uma), não brincarem com água dentro de casa, o quintal serve pra essas brincadeiras. Querer que aprendam a respeitar o espaço dos outros é deixar de ser “casa de vó”?!
Importante limites é importante. Mas as broncas que a gente leva da avó não machucam. Porque logo em seguida a vó oferece bolo de chocolate pra agradar. É maravilhoso casa de vó. Sabe pq?pq a vó tem o tempo para nós. Nós somos protagonista. Pq.a vô não está pensando no celular, no computador, na casa que tem que limpar. Está pensando apenas na gente. Tá sempre com saudades. E cuida da gente, conversa, conta histórias, desenha, lê. Lá é onde nossa alma descansa.