Eu moro no presente onde os beijos me calam e os abraços me trazem afeto. Nesse momento do agora em que os perfumes ficam nos travesseiros e as canetas rabiscam nomes sem propósito.
Vivo e sinto o hoje, no exato tic-tac em que as taças de vinho descansam rubras e vazias na pia.
As pétalas da rosa pairam inertes. O suspiro está congelado nos meus lábios.
Não me interessa mais o ontem, não temo pelo amanhã. Só preciso sentir a areia do mar roçando a ponta dos meus dedos enquanto desenho um sol que sorri. Só preciso ler o livro que na página 90 está tão cheio de mistérios e não respostas. Nesse momento em que o espelho me diz que não sou mais menina, mas também não sou velha. No agora, onde muitos sonhos me inspiram e todo otimismo me habita como se tivesse uma forma física.
Não quero que o ano acabe logo, não espero o réveillon, não me importa mais se é segunda ou sexta-feira, e tampouco, desejo aniversariar. Os confetes ou as cinzas, usarei nos meus dias particulares de carnaval.
Não abro mais janelas para os dias vindouros, não fecho as portas para passados tristes. A casa existe apenas, e com ela, todo o meu agora.
Se o vento balançar meus cabelos, se o calor molhar a camisa, se o frio me anestesiar. Não importa! Eu só quero viver cada segundo no meu agora!
Desejo apenas fazer desse ínfimo instante um significado único de bem viver!