Sonhos, planos, objetivos. É inevitável tê-los, afinal, são eles que nos movem. Planejar o futuro é o que dá sentido ao que fazemos hoje, às agruras e dificuldades que vivemos, e também às pequenas realizações de cada dia. Em que pese todo o movimento que se tem visto para voltar a mente ao presente, a fim de se aproveitar o aqui e agora, não há como se desvincular do futuro. E não seria saudável fazê-lo.
Escrevi esses dias que somos feitos de amor, mas movidos por sonhos. Acredito muito nisso, sem nossos objetivos, dos menores aos mais loucos, a vida perderia todo o sentido.
Contudo, acredito também em outra coisa: sonhos mudam. As pessoas mudam, os relacionamentos mudam, as estações mudam. Por que não os sonhos?
Ocorre que dedicamos tanto tempo, sangue, suor e lágrimas a alguns deles, que deixa-los ir é como deixar ir uma parte de nós. Relutamos, doi, não queremos abrir mão, mesmo que no fundo saibamos que aquele sonho já morreu.
Às vezes somos nós mesmos que os matamos. Outras, são outras pessoas. Algumas vezes ainda, o sonho simplesmente já não nos serve, como se tivéssemos crescido e as mangas ficassem curtas.
O que fazer agora? Eu paro, respiro (por um minuto ou vários) e agradeço. Tudo o que fiz para concretizar aquele sonho se tornou parte de mim, de quem sou hoje. Contribuiu para o meu crescimento pessoal e me fez uma pessoa mais forte e resiliente.
Agradeço pelas pessoas que conheci no caminho, pelos momentos vividos e pelos sentimentos, bons e ruins, que tive e com os quais aprendi a lidar.
Em seguida, perdoo-me. O perdão aqui é por tudo aquilo que eu acho que devia ter feito e não fiz. É pelo o que saiu do meu controle, pelo sofrimento que direta ou indiretamente eu causei a mim mesma. Sem o perdão, por mais difícil que ele seja, não consigo deixar o passado onde ele deve ficar – no passado.
Com gratidão e perdão, passo à terceira etapa: continuar caminhando. Pode ser que o próximo sonho chegue correndo. Se apresente como uma criança na fila do brigadeiro, ansioso pela minha atenção. Ou não.
Pode ser que eu tenha que aguardá-lo por algum tempo, refletindo, contemplando e vivendo. Experimentando outras coisas. Conhecendo novos lugares, pessoas e, principalmente, a mim mesma.
E então, como num passe de mágica, o novo sonho aparece na minha frente e me motiva a começar tudo de novo. Só que agora, sou uma nova pessoa, com novos horizontes, sentimentos e perspectivas.
Um novo sonho sempre está à nossa espera, mesmo que pareça que aquele sonho antigo era o sonho de nossa vida. As coisas que perdemos pelo caminho são aquelas que já não nos servem. Podem ser sonhos, momentos, até pessoas. Não digo que devemos proceder ao descarte puro, mas agradecido e feliz por terem feito parte de nossa vida.
Passado tudo isso, começo uma nova viagem, levando comigo só o que me faz bem, o que faz sentido para a nova pessoa que sou, carregando na mochila sonhos, não eternos, mas mutáveis, doces pedaços do céu que espera à minha frente.
Imagem de capa: Pixabay