A insensatez e a estupidez dos tolos
Sutra Samyuktaratnapitaka
Havia, certa vez, um homem que se irritava com facilidade.
Um dia, dois outros homens estavam conversando a respeito do homem irritadiço, em frente à casa onde ele vivia. Um dizia ao outro : “Ele é um belo homem, mas é impaciente demais; tem um temperamento explosivo e se zanga rapidamente.”
O homem irritadiço, ouvindo a observação, irrompeu da casa e atacou os dois amigos, batendo, chutando e magoando-os.
Este fato nos ensina que quando um sábio é advertido sobre seus erros, refletirá sobre isso e melhorará sua conduta. Quando, entretanto, um insensato tem sua má conduta apontada, não somente desprezará o aviso, como também continuará a repetir o mesmo erro.
Era uma vez um homem rico, porém tolo.
Ao ver uma bela mansão de três pavimentos, invejou-a e decidiu construir uma igual a ela, julgando-se suficientemente rico para tal empreendimento.
Contratou um carpinteiro e lhe ordenou que construísse a sua mansão.
O carpinteiro começou imediatamente a construir o alicerce para depois fazer, sucessivamente, o primeiro, o segundo e o terceiro andares. O homem rico, vendo isso com irritação, disse : “Não quero um alicerce, nem o primeiro, nem o segundo andares; apenas quero o lindo terceiro pavimento. Construa-o rapidamente.”
Um tolo, portanto, pensa apenas nos resultados, impacientando-se com o esforço necessário para se conseguir bons resultados. Nada de bom pode ser conseguido sem esforço, assim como não se pode construir um terceiro pavimento sem que se façam primeiramente o alicerce, o primeiro e o segundo andares.
Um outro tolo estava, certa vez, fervendo mel.
Recebendo a inesperada visita de um amigo, ele lhe ofereceu algum mel, mas como estivesse muito quente, tentou esfriá-lo com um abanador, sem retirar o mel do fogo.
Da mesma maneira, é impossível obter-se o mel da fresca sabedoria, sem que primeiro se remova o fogo das paixões e desejos mundanos.
Imagem de capa: Roman Samborskyi/shutterstock