Sempre me senti diferente dos outros jovens. Não que eu seja melhor que os outros, mas sempre fui tranquila demais. Na roda do “Vamos fazer tal coisa?” quando sentia que era coisa errada, logo dizia “Não acho que isso seja uma boa ideia.”
Minha mãe tem uma confiança mútua em mim. Me conhece e sabe que nunca fui de dar trabalho pra ela. Na escola, sempre tirei notas boas. Era da rodinha dos que conversavam, mais faziam. Conforme fui crescendo, fui fazendo novas amizades, mas sempre mantendo minha essência. Quem convive comigo, sabe que procuro manter meus pés no chão. Algumas pessoas dizem que sou madura para minha idade.
Por um lado, minha mãe admira meu comportamento e fica feliz quando as pessoas me elogiam para ela. Por outro lado, já ouvi diversas críticas sobre minha personalidade. Sinceramente, entra por um lado e sai pelo outro. Nunca fui de dar bola para opinião alheia.
Certos comentários me fizeram refletir que, quando as pessoas têm luz própria e sentem-se felizes, elas incomodam algumas pessoas. Fato que compartilhei com a minha melhor amiga. Além de concordar comigo, dividiu uma de suas vivências.
Karina trabalha em um berçário. É inteligente, comunicativa e consegue quebrar o gelo aonde quer que vá. Quando a conheci, me cativou à primeira vista.
Pedagoga, acabou de conquistar esse trabalho. Ela disse que está incomodando outras pessoas pelo seu jeito de ser. É tão prática quando o assunto é comunicar-se que ouviu alguns boatos que teria grandes chances de assumir a coordenação. E é claro que isso não vem agradando algumas de suas colegas.
Da mesma forma que ela compartilhou comigo uma de suas vivências, compartilhei com ela uma das minhas. Fiz curso de inglês durante dois anos e meio e tinha facilidade em absorver os conteúdos. A professora gostava de mim, pois notava o meu esforço. Às vezes ela me colocava para ajudar os meus colegas que tinham mais dificuldade. Sempre tive consciência de que eles não queriam a minha amizade. Eles queriam tirar notas boas. Mesmo assim, ajudava-os com o maior prazer. Mas sabia que alguns deles sentiam-se incomodados comigo.
Após trocarmos nossas vivências, conclui que pessoas que se destacam por seja lá qual for o motivo, incomodam pessoas que não conseguem oferecer o melhor de si ao mundo.
Cada pessoa é especial da sua forma. Entretanto, a palavra “inveja” ainda tenta apagar o brilho que só pessoas de bem conseguem ter.
Temos que blindar nossos corações da maldade alheia, sem apagar o brilho de nossa existência. Por mais que nossas características incomodem algumas pessoas, temos que manter viva a nossa essência.
Imagem de capa: Vladimir Zhoga, Shutterstock